Não é o pior resultado da França - 61-10 contra os mesmos All-Blacks em 2007, foi pior - mas é o suficiente para fazer pensar e mesmo fazer tocar a rebate
O que se vê da França é confrangedor: jogo ao pé incapaz, uso da bola previsível - 28 fases para sofrer um praça-a-praça... - com decisões sem rasgo, erros elementares de placagem, perda da linha de vantagem a maior parte das situações. Enfim! Um ror de erros e incapacidades.
Nada de bom se augura desta França que já foi capaz de encher os olhos dos apreciadores. A constante chamada pelos clubes de estrangeiros - quantos franceses jogaram a final do campeonato? - que tapam lugares a jovens que, assim, deixam de poder crescer em direcção à selecção nacional. Os campeonatos internos, mesmo as taças europeias, ganham-se, mas os jogos internacionais, os que arrastam multidões e que definem o prestígio na modalidade, esses, perdem-se.
E a posição dos responsáveis pelo Toulouse - clube de referência do saber jogar - ao indicarem que, futuramente, preferirão antigos internacionais estrangeiros a internacionais franceses, só mostram uma péssima solução para o mal estar latente de resultados, precisam-se!
Pela França, o sino de cada adepto de rugby tocará a rebate... e a discussão para a procura de soluções - a que se juntará a incapacidade de melhor do que a hipótese de 5º lugar no Mundial Sub-20, jogado em casa - surgirá pelo monde de l'ovalie. De pouco valendo as lamentações do azar, do isto ou do aquilo. A realidade é esta: a Nova Zelândia mostrou muito mais rugby!
O que mais me impressiona nos All-Blacks - claro que têm uma excelente organização defensiva, claro que o seu jogo-ao-pé é de uma eficácia mortífera na ocupação do terreno, claro que a qualidade (direcção, tensão, comprimento e aquidade) dos seus passes é invejável - mas o que me impressiona e raras vezes se vê noutras equipas do melhor nível, é a sua capacidade colectiva - qual grupo de predadoras leoas - de perceber a oportunidade e as fraquezas expostas do adversário para, num clik!, serem capazes de adaptar linhas de corrida e velocidades á nova situação, criando o apoio necessário à distância eficaz de intervenção para uma continuidade assassina - passe a expressão...
Os três ensaios dos neozleandeses no seu 500º jogo internacional, devem ser vistos e revistos: como se recuperam e como se adaptam e reorganizam em movimento. E dois deles em contra. Uma lição!