sábado, 10 de agosto de 2013

CONSEQUÊNCIAS DA NOVA FO

A alteração das regras da formação-ordenada (FO) vai ter influência no jogo, na preparação do jogo e na escolha de jogadores.
As perspectivas imediatas são as de um aumento do tempo útil do jogo – estima-se, para os jogos das equipas mais evoluídas,  um aumento que pode atingir os 7 minutos – para além de um retorno a técnicas utilizadas anteriormente.


No vídeo presente se ignorarmos a voz “touch” – então ainda utilizável no momento das experiências - e, mentalmente, a substituirmos por “bind” teremos o aspecto das futuras FO: aproximação, braços exteriores dos pilares esticados e a agarrar a camisola do adversário directo ainda sem qualquer encaixe. A última voz – “set” – permite o encaixe já a uma distância em que o seu impacto é diminuído – 25% menor segundo estudos da Universidade de Bath – e a bola, devendo ser introduzida, como dizem as Leis do Jogo desde sempre, sem demora, só pode, no entanto e como também se descreve nas Leis, ser introduzida com a FO estacionária e com o corredor paralelo às linhas laterais. E só depois de haver uma demora injustificável, hoje como sempre, o árbitro poderá dar a ordem de introdução ou marcará a falta devida por atraso propositado (Leis 20.1(d) e 20.5).

Com esta alteração pretende-se, para além de garantir a segurança dos participantes directos, que a execução da FO permita o cumprimento integral das Leis do Jogo e cuja essência se centrará no equilíbrio estacionário dos dois blocos de avançados antes da introdução da bola, permitindo a introdução da bola no centro do corredor. O que significa o retorno a velhas técnicas.

Ao contrário do que é actualmente hábito, não será mais o impacto do encaixe que determinará a vantagem na FO – será, de novo e porque a bola terá que ser introduzida, pela estática das forças, no corredor, a técnica do 5-da-frente, a sua capacidade de empurrão simultâneo à entrada da bola, que comandará a vantagem. Dir-se-á, como há quem diga, nomeadamente o guru neozelandês da FO, Dan Cron, que existe um retorno a trinta anos atrás… O que pode significar, como pude apontar no último curso do 3º Grau para treinadores, vermos um retorno da célebre “bajadita” argentina que, ao tempo, se mostrou terrivelmente eficaz contra os poderosos blocos avançados dos quinzes tradicionalmente mais evoluídos – e desta possibilidade teremos nota dentro em breve no Rugby Championship...

Este retorno vai significar, por outro lado, que o talonador – deixando de continuar a ser um pilar com jeito para lançar a bola nos alinhamentos – terá que ser capaz, de novo, de talonar a bola. E que os canais de saída, com preponderância para o canal 1, voltarão a estar na perspectiva das equipas, obrigando a adaptações técnicas dos médios-de-formação – o canal 1 não dá tempo de espera, exige passe na passada…

Por outro lado, as saídas de terceira-linha deixarão de estar, como se tem vindo a assistir, isoladas no nº8 e voltarão a exigir, muito provavelmente, um segundo empurrão colectivo com continuidade de movimento dos outros membros da mini-unidade. O que significará a constituição de uma força organizada capaz de impor desorganização à defesa.

O que pode levar a que as FO sejam, mas agora em combate directo, mais prolongadas com óbvias consequências de desgaste. E os pilares terão que ser substituídos mais cedo… E se for verificável a expectativa de aumento do tempo útil de jogo, então a qualificação e gestão do banco de suplentes ganha uma importância acrescida.

E se a maior demora no combate da FO for uma realidade, o ataque a partir desta fase também tem que ser repensado – na certeza que deve ser utilizado porque a concentração obrigatória de oito defensores permite espaços exploráveis. O problema estará em saber como fazê-lo.
Novas alterações, novos desafios – e o gozo do desenvolvimento estratégico do jogo a ampliar o seu interesse. Começando, desde logo, a falar com antigos jogadores para relembrar velhas técnicas.

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