sábado, 14 de dezembro de 2013

APARÊNCIAS

Seja pelo que fôr - formação escolar incluída - nós portugueses tendemos a privilegiar a aparência sobre a realidade dos factos. Esquecendo-nos até do aviso do dito popular de que as aparências iludem.
E assim e no caso achamos que, porque não trouxemos qualquer Taça ou porque não participamos em qualquer final, o recente resultado obtido pela selecção portuguesa de sevens em Port Elizabeth, na África do Sul, não foi bom. 
Pelo contrário, foi bom porque, correspondendo aos objectivos pretendidos que não são mais do que garantir a manutenção no quadro das World Series, permitiu a conquista de pontos que nos distanciam do último lugar e da despromoção.
Ao contrário do que se possa pensar - como se pode confirmar na tabela que se publica - no Sevens World Series o que conta realmente é a Cup e a qualificação para a sua disputa. O resto, mesmo permitindo continuar a jogar e conquistar alguns pontos, é de menor valia. Veja-se: mesmo a Plate (segunda taça) e que só pode ser disputada por equipas que se tenham qualificado no primeiro dia para a disputa da Cup, corresponde apenas ao 5º lugar da tabela qualificativa final e a cujo vencedor são atribuídos quase metade dos pontos do vencedor da Cup. É portanto competitivamente melhor, mesmo se falham as luzes da ribalta, ser o derrotado do jogo 3º/4º do que o vencedor da Plate: arrecadam-se mais dois pontos! E são os pontos que garantem a importância das coisas...


A terceira taça, a Bowl, garante ao seu vencedor o 9º lugar com menos dois pontos do que o pior dos competidores da Plate. E a última taça, a Shield, qualifica em 13º o seu vencedor ao qual atribui apenas 3 pontos.
Portanto, a conquista de taças tem no cômputo geral e com a excepção da importância da Cup e ainda, pelas enormes dificuldades que exige ultrapassar, da prestigiante Plate, uma importância muito relativa. Como em todas as competições desportivas, também aqui nos Sevens, o que conta são os resultados traduzíveis em pontos. E se, na melhor tradição de permitir um agradecimento pela participação competitiva (e de mostrar patrocinadores...), existem outros prémios, esses não são objectivos desportivos principais e têm relativa importância. Porque é muito mais importante a qualificação para a disputa da Cup - com a garantia mínima do embolso de 10 pontos - conseguida, normalmente e na grande maioria dos casos, com duas vitórias no primeiro dia, do que trazer qualquer outro prémio como a Bowl ou Shield.
Na competição de alto rendimento as vitórias contra os fracos contam muito pouco e as derrotas contra os fortes são o caminho que leva a vitórias futuras. E é disto que trata a Sevens World Series.


O se7e de Portugal conseguiu em Port Elizabeth, com as duas vitórias do primeiro dia e os correspondentes 10 pontos, um óptimo resultado que lhe permitiu subir dois lugares na tabela qualificativa e, ainda e mais importante, permitindo-lhe abrir o fosso para adversários directos da manutenção como a Espanha ou os Estados Unidos.
As World Series não são competitivamente fáceis. Fora os três primeiros qualificados, o equilíbrio é enorme e qualquer jogo entre eles não tem resultado assegurado. Por isso a constituição dos grupos  tem no sorteio uma parte principal das possibilidades: para Las Vegas nos Estados Unidos e porque a Inglaterra se portou mal na África do Sul - situação que nada nos interessa com vista às hipóteses de qualificação para o Rio 2016 - teremos um muito difícil grupo, acrescentando, para além do Uruguai, ingleses a samoanos numa luta tremenda pela qualificação para a disputa da Cup. Que é sempre, etapa a etapa, o objectivo do se7e de Portugal.

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