quarta-feira, 26 de junho de 2019

ADAPTAÇÃO AO MUNDO DOS SEVENS

“Treina-se como se joga” é o aforismo que os treinadores utilizam para balizarem os procedimentos de treino das suas equipas e que determinam a metodologia que deve estar directamente relacionada com a forma da competição. Ou seja: que tem que haver, durante os tempos de treino uma adaptação às necessidades da competição que são estabelecidas pela recolha de dados que o jogo determina. Daí a importância do conhecimento dos horários e sequências de jogos bem como das estatísticas para que se possa responder ao padrão de uma determinada competição: que intervalo entre jogos quanto tempo útil de jogo, quantas formações-ordenadas, quantos alinhamentos, quantas placagens, quantos pontapés, etc. etc.? E também perceber quais os momentos críticos de uma competição.

No RE Womens Trophy realizado em Lisboa no passado fim-de-semana, a selecção portuguesa feminina teve 4 vitórias e 2 derrotas com 23 ensaios marcados e 3 sofridos numa quota de pontos marcados de 87%. Mas no final, apesar destes bons resultados quedou-se — embora subindo dois lugares em relação à 1ª etapa — em 5º lugar. E porquê este 5º lugar? Porque foi derrotada no jogo errado - o primeiro jogo do segundo dia da competição, perdendo por 7-0 com a República Checa. Na classificação final do somatório das duas etapas, a selecção feminina de Portugal classificou-se, com 20 pontos, no 6º lugar. Com esta classificação a equipa portuguesa não conseguiu subir à Championship da próxima época e ficou fora do acesso ao apuramento olímpico. Mas as suas prestações foram interessantes e promissoras, necessitando de melhor adaptação à competição para obter os resultados necessários à subida.

A selecção masculina, no RE Sevens Championship de Moscovo classificou- se em 7º lugar, cumprindo o objectivo de apuramento para a Qualificação Olímpica que se realiza no segundo fim‑de‑semana de Julho, conseguindo também 4 vitórias e 2 derrotas, mas marcando 18 ensaios para  20 sofridos. E com uma derrota estrondosa — e pouco aceitável — no também primeiro jogo do segundo dia, perdendo com a Alemanha por 45-0.

Parece portanto existir uma óbvia falha na adaptação de qualquer das equipas demonstrada nas duas derrotas no primeiro jogo do segundo dia. Isto é, @s jogador@s portugues@s não estão preparad@s para estar nas melhores condições atléticas e psicológicas no jogo de horário matinal — aquele que define o grupo de classificação final — do segundo dia da competição depois do desgaste de três jogos do primeiro dia.

Não sendo um problema específico português — muitas equipas já passaram por ele — existem soluções que provaram a sua eficácia para garantir que “jogar como se treina” significa jogar ao melhor nível possível. Dois dias seguidos com treinos matinais — 9:00 horas* — com grande intensidade e placagem real incluída,  resultou com outras equipas. Aplique-se!
E comece a pensar-se que o planeamento do Sevens deve ser quadrienal, garantindo assim que a acumulação de hábitos e adaptações conseguidas pel@s jogador@s tem utilidade, sem esquecer os mundiais, para os apuramentos olímpicos vindouros.

[* No meu temoo de jogador e quando Pedro Cabrita era treinador da selecção nacional tive muitos treinos às 6 e meia da manhã na “estância de madeiras” - campo do SL Benfica no Campo Grande. Embora o horário dos treinos se devesse a questões de ordem logística, o facto facilitou a adaptação aos jogos do campeonato nacional de clubes que eram, então, pelas 11 da manhã...]

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