sexta-feira, 6 de março de 2020

MAIS DO QUE UM JOGO: UMA OPORTUNIDADE

Em Paris, feita casa portuguesa a lembrar ter sido a maior cidade de portugueses, o XV de Portugal joga amanhã e para a 4ª jornada do 6 Nações B— Rugby Europe Championship — contra a Geórgia, adversário muito poderoso e com grande experiência internacional quer porque participou nos últimos cinco Mundiais, quer porque os seus jogadores têm hábitos competitivos de bom nível.
Não será um jogo fácil para Portugal mas os seus jogadores — como aliás bem expressou Patrice Lagisquet — vão ter uma óptima oportunidade de se testarem e ficarem com melhor noção do patamar onde se encontra com vista ao cumprimento do objectivo da presença no Mundial de 2023.
O historial entre as duas equipas, que se defrontaram por 21 vezes com 15 derrotas, 2 empates e 4 vitórias, dá, como se pode ver na tabela superior, uma vantagem final de 23 pontos para os georgianos. Mas a situação, apesar de mostrar a óbvia diferença de patamares, tem uma vantagem.
Embora a Rugby World na sua página de análise dos prováveis resultados e suas implicações no ranking escreva que Portugal perderá pontos e poderá ser ultrapassado pela Rússia (se esta vencer o seu jogo contra a Roménia) e por Hong-Kong se a derrota for superior a 15 pontos de jogo, mas como não conheço nenhuma alteração há regra que estabelece que quando o intervalo entre pontos do ranking for superior a 10 pontos — como o é no caso e por o jogo ser em campo neutro — Portugal, se derrotado não perderá pontos e se vencedor ganhará, no mínimo, 2 pontos de ranking. O que permite, pelo menos, encarar o jogo com a tranquilidade de que nada de grave pode acontecer… não perderemos pontos nem posição.


A equipa portuguesa não vai, portanto, fazer o papel de "coitadinha" de tão pressionada pelo que pode perder mas sim a de uma digna competidora — basta olhar para a comparação dos Índices de Compactividade para se perceber que não existe nenhum desequilíbrio físico acentuado. Pode, isso sim, pesar a diferença de hábitos competitivos e aqui com vantagem para a Geórgia. 

Veja-se que a diferença entre os dois blocos de avançados é de apenas 12 quilos — o que significará que a vantagem nas formações-ordenadas dependerá da qualidade técnica quer da postura corporal posicional, quer de tempo de impulso — supõe-se que, depois do "desastre" na Rússia, tenha havido a correcções necessárias e que a formação-ordenada portuguesa — agora numa 1ªLinha de 363 kilos — com um Geoffrey Moise, pilar do Pau e habituado ao TOP14, com um Mike Tadjer, também ele no TOP14, conhecedor e consolidados como poucos e ainda com o Diogo Hasse Ferreira que, quando entrou na Rússia, deixou a sua marca de qualidade — seja agora capaz de criar problemas aos seus adversários directos, garantindo a necessária plataforma atacante portuguesa. 
Curiosamente a Geórgia apresenta-se com uma equipa mais velha do que aquela que jogou contra a Bélgica — são 3 a média de anos que os separam dos portugueses — e os dois médios e centros são uns experimentados jogadores de mais de 30 anos (os dois médios que nos espantaram no Mundial estão desta vez no banco). O que significa que estão a colocar algum cuidado neste encontro. 
E como sabem que, como acentua Shaun Edwards, as equipas de alto nível raras vezes atacam do seu meio-terreno, será esta experiência que procuram para pôr em prática uma estratégia de conquista de território, obrigando os portugueses a recuar para o seu campo, encostando-os às cordas e procurando fazer o seu jogo — que é rápido, de bons passes e com apoio eficaz — sem a importunação dos contra-ataques portugueses. Provavelmente vai ser assim: muito jogo ao pé a criar, pela rápida subida dos perseguidores, problemas ao três-de-trás português que, avisado, terá em campo as oponentes necessárias e onde o médio-de-formação irá ter um papel decisivo. Lembremos que quem sobe assim algum espaço livre há-de deixar...e se o nosso jogo-ao-pé for utilizado com inteligência...quem sabe.
No fundo é isto: que a equipa portuguesa, independentemente do resultado, mostre em campo a sua consistência e capacidade evolutiva para dar crédito ao objectivo Mundial 2023. Bom jogo!  



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