Batalha de Aljubarrota - Retirado da Wikipedia |
Comemora-se hoje, 14 de Agosto, o 635º aniversário da vitória de Aljubarrota do exército português, comandado por D. João l e Nun’Alvares Pereira, que, com notável capacidade estratégica, a que se aplicaram tácticas de experimentada e reconhecida eficácia, levou de vencida um numericamente muito superior exército castelhano.
Desta vitória, nascida do conhecimento e saber estratégicos de Nun’Álvares, alguma coisa se pode retirar para o nosso desporto de combate, o rugby.
A base estratégica operacional do Condestável, como ficou bem demonstrado em Atoleiros e em Aljubarrota, assentava no conceito de que “em combate a manobra precede a colisão”**.
Se pensarmos no rugby como desporto colectivo de combate e tendo em atenção que, se na maior parte das situações que regulam as fases do jogo, as defesas bem organizadas conseguem apresentar-se em superioridade numérica, a procura directa e imediata da colisão tende à ineficácia, permitindo novos reagrupamentos, com bola no solo e dando o tempo necessário para a reorganização defensiva. Ou seja, a procura directa da colisão, apostando na passagem em força, obriga, para ser eficaz, a que a relação de forças seja muito favorável ao portador da bola e aos seus apoiantes próximos. O que exige poder físico traduzido numa elevada distribuição de peso pela altura (compacticidade) a que se acrescenta força...
O recurso ao conceito estratégico de Nun’Álvares, manobrando, com o óbvio objectico de procurar e atacar pontos fracos da defesa, em vez de colidir com os defensores que formam a barreira defensiva, permite que a pretendida ultrapassagem da linha-de-vantagem se possa fazer quer por utilização dos intervalos, quer criando boas possibilidades para o recurso ao passe-em-carga (off-load) e garantindo assim a continuidade dos movimentos ofensivos.
Nada sabendo de rugby mas sabendo muito de combate, Nun’Álvares deixou-nos - principalmente a nós portugueses que temos sempre problemas de inferioridade física perante os adversários internacionais de valia - um conceito que devemos aproveitar para servir de base às tácticas portuguesas utilizáveis com óbvias vantagens para o equilibrio das forças presentes frente às melhores selecções europeias, nossos adversários directos para as competições mais importantes como o “6 Nações B” ou o Mundial.
Devemos assim fazer do ensinamento de Nun’Álvares Pereira de que em combate a manobra precede a colisão, um instrumento das tácticas rugbísticas portuguesas. O que obriga a que as equipas portuguesas que disputam a divisão principal nacional - equipas a que pertencem os jogadores que representarão a Selecção Nacional - sejam capazes de implementar e adequar os seus treinos á prática das manobras tácticas que permitirão o ataque aos intervalos, o passe eficaz seja de que forma fôr, o apoio em linhas de corrida convergentes, aumentando a capacidade de jogar entre-linhas e permitindo que a continuidade das fases produza sequências de rupturas e conquistadoras de terreno e, de preferência, de pontos.
Na permanente procura de resultantes tácticas que permitam que os Davides derrotem os Golias, o recurso a esta ferramenta estratégica de Nun’Álvares Pereira será, com certeza, um bom incentivo.
Na permanente procura de resultantes tácticas que permitam que os Davides derrotem os Golias, o recurso a esta ferramenta estratégica de Nun’Álvares Pereira será, com certeza, um bom incentivo.
** Bessa, Carlos, Academia Portuguesa de História, in Batalha dos Atoleiros, seu carácter precursor em Portugal