sexta-feira, 21 de agosto de 2020

CRUSADERS CAMPEÃO EM JOGOS DE ALTO NÍVEL

Terminou o Super Rugby Aotearoa [país da grande nuvem branca em Maori] com a vitória dos Crusaders. A qualidade do rugby praticado foi de elevado nível — apenas inicialmente houve alguma desadaptação em relação às novas exigências legais do jogo no chão — como tivemos possibilidade de ver nas transmissões da SportTV.
Por razões da objectiva política da 1ª Ministra Jacinda Ardern — que, por isso, ainda teve que responder publicamente ao ignorante do sr. Trump — a prova teve menos um jogo (Blues-Crusaders os, mesmo assim, 1º e 2º classificados) uma vez que Auckland, cidade onde se realizaria o jogo, estava confinada pelo aparecimento de novos 4 casos de infecção depois de 102 dias sem qualquer transmissão. O outro jogo desta 10ª jornada pôde realizar-se — por se realizar na parte país que está no nível 2 —  mas apenas com autorização para a presença de 100 espectadores, sendo assim possível a presença dos familiares dos jogadores da casa.
A qualidade e o equilíbrio competitivo da prova foi quase permanente como se pode verificar pela relação de 64% entre os pontos de bónus defensivos (PBd) obtidos — 9 no total dos 14 pontos de bónus. E porque como os pontos de classificação nem sempre demonstram o que aconteceu no jogo, vale a pena olhar para a equipa dos Chiefs — a equipa de Warren Gatland que é o treinador mundial com os melhores resultados nos últimos anos — que, não tendo conseguido qualquer vitória, conseguiu em cinco das derrotas atingir a diferença inferior a oito pontos e conquistar assim 5 pontos de bónus defensivos. Mostrando assim suficientemente competitividade, embora sem capacidade vitoriosa. Mas uma equipa difícil e capaz.

Quota de Pontos representa a parte de pontos marcados por cada equipa em relação à totalidade dos pontos marcados na prova; Taxa de Sucesso representa a percentagem de vitórias nos jogos disputados; Desempenho representa a média dos dados anteriores; Pontos de Bónus defensivos sobre a totalidade dos Pontos de Bónus obtidos na prova e representa o equilíbrio competitivo da prova (as derrotas não são todas iguais e a obtenção de PBd di-lo)
Como curiosidade deste campeonato, o facto de três das cinco equipas terem um desempenho superior à média global de desempenho de 36% e como factores técnico-tácticos a reter a enorme capacidade demonstrada pela maioria dos jogadores no saber adaptar-se, mostrando-se capaz de garantir o apoio e a continuidade nas mais diversas situações  — e isto significa uma formação realizada com permanente oposição e de acordo com os conceitos do game sense e não com o permanente recurso a grelhas de exercícios que confundem o treino e a formação desportiva de uma modalidade com a disciplina da prática escolar. Mais uma vez, mas talvez de uma forma ainda mais clara do que de outras, os neozelandeses mostraram à evidência que a eficácia do rugby se produz estrategicamente com o avançar sempre! e que o objectivo do jogo está no ensaio. Apoio, verticalização, continuidade com linhas de corrida convergentes, bola em movimento, ataque aos intervalos com criação de superioridade numérica, são as bases do rugby de movimento que faz a força do rugby das antípodas. Vê-lo é uma delícia e simultaneamente uma óptima escola para copiar.
De notar também a capacidade de garantir uma elevada velocidade na libertação da bola nos rucks pela preocupação da preferência da manobra em vez da colisão e pela preocupação de colocar o corpo de forma a garantir a facilidade do passe ou da entrega da bola num gesto que, aliás, me faz lembrar o velhíssimo demi-tour contact que alguém, no meu tempo de jogador, importou de França. E cada vez mais é preciso usar o corpo, dando as costas, como parede para facilitar a execução do companheiro que se desloca de trás e possibilitando a recepção da bola, evitando assim as paragens dos designados breakdowns que permitem a recuperação defensiva.   

Como se pode ver a média por jogo dos Crusaders ultrapassa muitas vezes os 50% da média da generalidade dos jogo
Para um máximo de 9, que existiu num 4/5 dos Chiefs-Highlanders, numa média de 6 ensaios por jogo, houve um máximo de metros percorridos de 1342 no Highlanders-Hurricanes, ficando o Crusaders-Highlanders com a proximidade de 1209 metros percorridos para uma média global de 819 metros e com um número médio por jogo de placagens de 241 para um máximo, no Blues-Hurricanes, de 321 efectuadas - o que representa um esforço brutal e exige uma condição física de alto nível. Dez foi a média de Formações Ordenadas realizadas e 26 a de Alinhamentos, 12 foi a média de Turnovers e 21 foi a média de Penalidades concedidas por jogo. Com uma média de 292 passes cada jogo teve uma intensidade muito elevada. E lembre-se que durante dois meses estes jogadores só puderam treinar-se isoladamente e a sua preparação colectiva foi feita durante um mês com as restrições determinadas pelas autoridades de saúde neozelandesas. E fica a curiosidade: que metodologia, que processo foi utilizado para garantir a condição física apresentada que possibilitou notáveis espectáculos de rugby?
A amarelo as fases do jogo que envolvem a conquista da bola e a sua utilização, a verde os resultados e a branco o número de placagens e das penalidades concedidas
Para se ter uma ideia do que representa em acções de jogo o padrão neozelandês, aqui fica o seu valor realizadas para os sete jogos disputados pelos campeões Crusaders — repare-se que foram 27 os ensaios marcados... E se é verdade, como se diz, que depressa e bem há pouco quem, estes Crusaders conseguem demonstrar em campo uma notável capacidade de apoio sempre em elevada velocidade e no tempo exacto, o que significa permanentes antecipações às decisões dos companheiros, demonstrando conhecimento estratégico do jogo e domínio da sua cultura táctica. Quem transporta a bola comanda e os apoiantes seguem o chefe... Ou seja: conhecimento do jogo e muito treino, realizado sempre de acordo com as exigências do próprio jogo.
Depois deste primeiro e notável ensaio (ao mesmo temo joga-se o SuperRugby australiano que tem ainda duas jornadas para terminar) fica toda a curiosidade para o Norte-Sul neozelandês que se joga no próximo dia 29. Felizmente — embora à imprópria hora das 06.05 😳 — vamos conseguir ver... a SportTV transmite!

NOTA (21/8/2020) - Por razões relacionadas com o controlo da pandemia em Auckland — os 14 jogadores seleccionados para a equipa do North e 5 membros da equipa técnica aí residentes não estão autorizados, como a restante população da área, a deslocarem-se — o jogo foi alterado para o sábado 5 de Setembro, sabendo-se a confirmação do local, Eden Park de Auckland ou Sky Stadium de Wellington, depois da comunicação do Governo da próxima segunda.feira. Esperemos que a transmissão da SportTV se mantenha para esse sábado, dia 5.

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