Jogar em inferioridade numérica costuma ter custos. Quer directos, dando pontos ao adversário, quer indirectos pelo desgaste que provoca o esforço para garantir o equilíbrio em inferioridade. Dois dos ensaios sofridos contra a Roménia — no mais mal perdido jogo que me lembro — foram em inferioridade numérica, sendo o último na bola-de-jogo. Neste jogo as condições eram de vitória — defendemos mais e melhor mas demos alinhamentos — perdemos 5 — e não fomos capazes de reponder fisicamente às substituições romenas dos últimos dez minutos — e com a abébia de um cartão no último minuto...
A indisciplina espanhola permitiu-nos marcar 3 ensaios em superioridade numérica (dois contra 13 e 1 contra 14 jogadores) mas também pagámos a factura de jogar 2' com 13 defensores. No entanto, tendo 92% de placagens positivas, percebe-se mal como permitimos, em superioridade numérica, que os espanhóis marcassem o seu quarto ensaio e nos retirassem, colocando a diferença de ensaios em menos de três, o ponto de bónus ofensivo. Houve, com certeza, erro colectivo defensivo — é de facto o que parece nas imagens televisivas...
No primeiro jogo contra a Geórgia marcámos um ensaio e uma penalidade em superioridade numérica e sofremos outro em inferioridade mas nada conseguimos — o que mostra a capacidade georgiana que a partir dos 50' dominou o jogo — noutro período de superioridade. Situação idêntica contra a Roménia entre os 22' e 32' em que ainda sofremos uma penalidade.
Com os 6 cartões amarelos sofridos, Portugal jogou contra a Geórgia 13% do tempo total de jogo em inferioridade, 28% do tempo de jogo em inferioridade contra a Roménia e 25% contra a Espanha num total de 52' a jogar com 14 jogadores. É muito tempo!
Noutra perspectiva pode verificar-se que os cartões amarelos parecem mostrar más entradas, no 1º e 3º quartos — correspondendo à saída dos balneários — contra a Roménia e um péssimo 1ª quarto contra a Espanha. O que indicia demasiado nervosismo quando a responsabilidade e a pressão pelo resultado aumenta o jogo contra a Geórgia era o de menos pressão neste trio de jogos...
E falta ainda juntar a esta contabilidade indisciplinada as estatísticas — que continuam a não ser públicas (como se adversários não tivessem todos os meios para as dominar) — das penalidades que, sabemos visionalmente e que a suspensão com amarelo do capitão Tomás Appleton, contra a Geórgia, simboliza, foram demasiadas.
Os jogos internacionais ganham-se e perdem-se no jogo qualificado dos pormenores técnicos, tácticos, físicos ou mentais. E a disciplina constrói-se com o seu somatório.
Disciplina precisa-se! porque dá vitórias enquanto a indisciplina as deita fora.