Grupo Desportivo de Direito |
Grupo Dramático e Sportivo de Cascais |
Com os AllBlacks Sevens no Mundial de HongKong 97 |
Selecção de XV de Portugal |
Conheci o Raul como adversário — ele no GD Direito e eu no CDUP e depois CDUL — mas verdadeiramente a nossa amizade começou quando fui treinar o Direito e ele fazia parte da equipa senior que eu treinava. Fomo-nos conhecendo e criando laços de excelente amizade que perdurou por estes anos todos — para além de já conhecer o Pai, o jornalista Patrício Álvares de quem procurávamos sempre a opinião nas páginas dos jornais, privei com a família, a Isabel e os 6 filhos. E com o que mais foi acontecendo. Fomo-nos conhecendo bem e, para além da amizade, ganhámos uma grande confiança um no outro. Quando saí do GDDireito e fui treinar o GDS Cascais nada mais natural — tínhamos o mesmo modelo de jogo na cabeça, o designado “rugby de movimento” de que o Pierre Villepreux era o grande mentor — do que o convidar para vir comigo numa opção certa como demonstram os 4 campeonatos nacionais de XV, os 3 de Sevens, as Taças de Portugal e as duas Taças Ibéricas que conseguimos conquistar com uma notável equipa formada por jogadores que sabiam interpretar como ninguém oo conceito de rugby que defendíamos.
Quando fui, pela segunda vez, treinador da Selecção Nacional Sénior, convidei o Raul para meu Adjunto e formámos uma óptima equipa com o Totas (meu antigo companheiro do CDUL), o Graça Gordo, o Fritz e o Caleia. De jogos em jogos com resultados de boa qualidade, fomos percorrendo diversas partes do mundo sempre com o objectivo de fazer uma equipa cada vez melhor,. Andamos por HongKong para as Series e para o Mundial de Sevens de 97, fomos à final do Europeu de Sevens em 98 e percorremos a Europa em jogos do Campeonato Europeu de XV, ficando a um pequeno passo de acesso ao Mundial de 99.
Enfim vivemos muita coisa juntos sempre sob o domínio da paixão desportiva. Aprendemos muito e conhecemos muita gente, jogadores e não só, que marcaram as nossas vidas em relações que se transformaram também em amizades.
Encerrada a actividade desportiva, continuámos a relacionarmo-nos e a manter a bela amizade.
Até que o Raul nos pregou a partida. E se os meses da sua doença começaram com a esperança de melhoria, o passar do tempo esfumava-nos a confiança do retorno. E a tristeza tomava conta do dia-a-dia das nossas relações. Com a sua filha Sofia fui seguindo a (des)evolução a par e passo. E a tristeza maior chegou há dois dias: faleceu o Raul!…
E pouco me restou de palavras para exprimir a minha profunda mágoa. Mesmo se me havia já habituado à proximidade do final…
Fica-me a memória do nosso caminho conjunto e terei sempre na lembrança a nossa grande amizade e a sua importante participação no legado que deixámos ao Rugby Português.
Que descanses em paz, meu Amigo! Até sempre!
…não há esquecimento possível…