Numa demonstração da aplicação do conceito de Coopetição (cooperação+competição) que caracteriza,
Estádio com lotação esgotada |
Um momento inesquecível a recordar por todos os que o puderam ver — e imagine-se a memória de vida do marcador…
O jogo teve momentos muito interessantes criados pelos Lobos que conseguiram marcar 3 ensaios e deram — quando lhes era dado espaço — mostras de alguns movimentos de boa e eficaz organização, mas, infelizmente, nem sempre terminados de maneira eficaz. A prestação competitiva do bloco de avançados quer nas formações ordenadas — formidável o cinco-da-frente que, contrariamente às expectativas e perdendo apenas 3 introduções próprias, conseguiu um feito a assinalar — quer nos alinhamentos. — notável melhoria em relação ao jogo com a Namíbia com apenas uma perdida em lançamento próprio. Outro dos grupos que demonstrou a sua categoria foi o três-de-trás que se mostrou sempre muito capaz para utilizar a posse de bolas disponíveis.
Jogando contra a 1ª equipa do ranking mundial e actuais campeões do mundo e conseguindo um resultado com diferença de pontos menor (43 contra 51) do que seria previsível tendo em atenção a diferença de pontos de ranking, o resultado conseguido pelos Lobos é de assinalar positivamente. Dentro dos limites que ressaltam.
Convém não embandeirar em arco e julgarmos que estamos preparados para enfrentar as melhores equipas mundiais. Porque não estamos!
Neste jogo, jogamos 62’ minutos contra 14 adversários e 16’ contra 13 adversários — o 3º ensaio foi obtido nesta situação de diferença de 2 jogadores… E, logo no início da partida, demonstrando as nossas dificuldades de organização colectiva, estivemos cerca de 4´dentro dos 22 adversários sem marcar quaisquer pontos porque nos mostramos incapazes de dar continuidade aos movimentos, preferindo — num erro que vem de longe e que não conseguimos ultrapassar — a colisão directa e a ida ao chão, entregando os pontos à defesa adversária. Por falta de hábitos de organização dos movimentos de apoio e hábitos de passe antes da colisão. E o índice de apenas 33 ultrapassagens da Linha-de-Vantagem é be demonstrativo das dificuldades de penetração.
Em defesa também cometemos os erros habituais de manter uma defesa-de-espera, dando possibilidades da melhor organização ao ataque adverário. E dai resultou uma taxa de sucesso de placagens de 78% o que acabou por se traduzir — mesmo com a excelente atitude individual de cada jogador — em 10 ensaios sofridos.
Não me restam dúvidas de que estes aspectos negativos da selecção portuguesa só podem ser alterados se modificarmos o nosso campeonato e o tornemos bastante mais equilibrado levando-o a atingir um superior patamar de exigências de intensidade e velocidade, obrigando à melhoria dos gestos técnicos e da leitura táctica individual e colectiva por parte dos jogadores individual e colectivamente considerados. Não é mais possível — pelo desenvolvimento que vemos estar a acontecer noutros países — manter os nosso melhores jogadores a disputar um campeonato desequilibrado que, à partida, já tem os 6 primeiros classificados praticamente garantidos…
Portanto, se queremos que a nossa selecção, os nossos Lobos, sejam uma equipa internacionalmente qualificada e considerada, é preciso garantir que os nossos melhores jogadores ganhem hábitos competitivos elevados, jogando ao melhor nível, garantindo simultaneamente que não fiquemos dependentes dos interesses de clubes estrangeiros que detenham contratos com jogadores luso-descendentes. E para que haja melhoria consistente da nossa selecção é preciso transformar o actualmente muito desequilibrado campeonato, num campeonato equilibrado em que os resultados dos jogos só se “adivinhem” depois do apito final do árbitro e a classificação geral se conheça após a última jornada.