segunda-feira, 29 de julho de 2024

FRANÇA COM OURO E OS SEVENS TRANSBORDAM O ESTÁDIO

foto site da Federação Francesa de Rugby

No Stade de France a rebentar pelas costuras numa demonstração da importância da modalidade quando as jornadas são realizados em locais ou países que estão integrados na tradicional cultura rugbística — o 7 da França atingiu o objectivo perseguido desde o desastre do Mundial 2023: GANHOU!

Nem sempre os jogos foram interessantes — é cada vez mais difícil atacar uma vez que as defesas sabem variar com facilidade da pressão directa ao manter a distância para deslizar e impedir corredores abertos — e não chega, como se julgava, passar a bola lateralmente. É preciso atacar a defesa e manter a circulação variável da bola exigindo que o apoio, com linhas de corrida convergentes ou divergentes de acordo com o posicionamento da defesa e com a capacidade de realizar passes antes do contacto mas que fixem defensores. O que exige um enorme conhecimento do jogo e da sua táctica e uma capacidade de adaptação adequada E se perder a posse da bola pode transformar-se num desastre — o jogo ao pé  
é cada vez menos utilizado a não ser quando a garantia da vantagem se torna evidente. E as defesas individuais têm cada vez mais técnicas de placagem desenvolvidas e eficazes.
Ou seja: alguma coisa parece ter de ser mudada nos processos de treino e no conhecimento táctico do jogo para que possa traduzir-se num bom entretém para jogadores e espectadores, tendo estes uma possibilidade de presenciar durante um dia uma série de jogos de curta duração entre diferentes equipas. O que pode ser um enorme divertimento.
Mas não se tendo mostrado, estes olímpicos masculinos, o jogo de delícias como gostamos de imaginar o Sevens, teve suficiente emoção para prender espectadores. O pior foi, de facto, a arbitragem que, em diversos jogos e por diferentes árbitros, cometeu distrações e erros que chegaram a ter — sem que no entanto tivessem havido por parte dos jogadores (ao contrário dos espectadores) protestos a-propósito influência nos resultados… As Leis do Jogo não são simples e há nitidamente zonas cinzentas que têm que ser clarificadas para que toda a gente possa perceber sobre a legalidade do que se faz em cada uma das intervenções e para garantir que não é a arbitragem que faz os resultados.

Começando malzote, os franceses foram recuperando as suas capacidades, criando mais movimento e circulando melhor a bola para o companheiro que se apresentava em apoio a atacar intervalos e a romper a defesa, à medida que avançavam nos jogos — começando com um empate (12-12) contra os USA, tendo uma primeira derrota contra Fiji (19-12) para depois vencer a Argentina (26-14) e a África do Sul (19-5), abrindo assim o caminho do sucesso e acabando por ser a grande vencedora olímpica, derrrotando na final e num segundo jogo entre as duas equipas, a bi-campeã olímpica Fiji.

Tendo-se mostrado mais capaz nos momentos decisivos a França deu ainda — pela mão do seu treinador, Jérôme Daret — uma notável demonstração de gestão da equipa e que deve ser escrita nos cadernos de notas dos treinadores, na forma como utilizou o seu jogador-chave nos diversos jogos.


Antoine Dupont, médio-de-formação do Stade Toulousain, campeão francês e europeu e da selecção de XV da qual é também o capitão, é, com o nome mundialmente mais reconhecido, o jogador-estrela deste conjunto: o nome-marca da equipa. Em vez de o utilizar, como nos dois primeiros jogos na totalidade do tempo e visto a sua menor influência, passou a considerá-lo como jogador-de-impacto capaz de criar, com as suas características técnicas, tácticas e de velocidade, os maiores problemas à defesa e a ajudar eficazmente a equipa com os desequilíbrios que conseguia provocar. E a sua entrada na 2ª parte e já com os seus adversários desgastados, entregou à equipa o resultado de todas as suas capacidades — na final uma corrida de 60 metros com um passe fora dos ensinos tradicionais da modalidade cria a formidável assistência para o ensaio que tudo transforma na confiança que transmite. E foram mais dois ensaios na lucidez e aproveitamento das oportunidades que reconheceu na sua frente. No fundo uma vitória brilhante com a sua marca.
Portanto uma belíssima utilização por Jérôme Daret de um super-dotado, demonstrando que as decisões se tomam pelas capacidades que apresentam na actualidade e que interessam ao objectivo da vitória e não pelo nome ou pelo passado que transportam— lembrando a regra do velho dito de que, quando alguém bate à porta, pergunta-se “Quem é?” e não “Quem era?”. Que fique a nota destas decisões triunfadoras...
…e parabéns aos Ouro do Rugby Sevens dos Jogos Olímpicos de Paris de 2024. 
 












1 e com toda a justica

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