quinta-feira, 24 de junho de 2010

CURSO DE 2º GRAU

Jogo ao largo foi o tema que me foi pedido para apresentar ao Curso de Treinadores de 2º Grau onde estive no passado domingo. O tema é largo, complexo e, muitas vezes, confundido com o jogo das linhas-atrasadas. Jogar ao largo é utilizar a largura disponível do campo e serão os jogadores que, pelas mais variadas razões, aí estarão colocados - à largura do terreno - que terão a tarefa de decidir qual das sub-formas irão utilizar:manter o sentido até envolver a defesa, passar para jogo-penetrante ou jogar-ao-pé.
A visão que tentei dar - para além de mostrar a necessária e permanente integração das três possibilidades - foi a de introduzir conceitos que possibilitem a abertura de uma janela de diferenciação com os métodos habituais pré-programados. A tomada de decisão é a base essencial do tipo de treino que se propõe, preparando portanto o jogador portador da bola e seus companheiros para lerem de forma integrada o que se passa no seu próprio movimento em simultâneo com o movimento dos defensores, criando assim condições para que a plasticidade colectiva se adapte eficazmente à situação pretendida.
Se pensarmos num bando de estorninhos  e nas evoluções que conseguem fazer em movimentos que parecem sem sentido objectivo notaremos que, pese o aparente caos, não existem choques ou quebras. clique aqui Olhando-os, podemos interrogarmo-nos sobre a forma como a liderança momêntanea se estabelece e como se altera sem quaisquer ordens aparentes. Ora é este tipo de plasticidade colectiva que uma equipa de rugby eficaz necessita, conseguindo-a através de uma inquestionável adesão à liderança momentânea do portador da bola. Adaptando, de imediato e sem levantar questões secundárias, posições e linhas de corrida a cada decisão. Reagindo permanentemente e tendo por guia os Princípios Fundamentais do Jogo. Sendo tacticamente inteligente no adequado momento da leitura - procurando o que vai acontecer? - e limitando-se a seguidor do chefe - lendo sinais e percebendo intenções - cada vez que se coloca em jogo uma proposta do companheiro portador da bola.
Treinando em oposição e com exercícios adequados ao jogo e aos seus jogadores, a equipa pode adquirir automatismos e segundas naturezas que lhe permitirão garantir um todo superior à soma das suas partes.
Claro que toda esta transformação exige profundas alterações dos hábitos clássicos - começando por prescindir do ensino através do método analítico e passando ao método global: aprende-se a jogar, jogando! e treina-se como se joga!
Trata-se, naturalmente, de um novo paradigma: estamos a falar de nova formação para um novo jogador. Como lembra esta cartoon "Atenção: jogador em construção" trazido há uns tempos por Pierre Villepreux.

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