Começou este fim-de-semana a prova-rainha do rugby português: a prova que atribui o título de campeão nacional mais importante – e digo assim porque, hoje em dia, é confuso dizer simplesmente Campeão Nacional ou Campeão da I divisão. Diga-se assim: começa agora “o Campeonato”. Mas começa cedo e acaba muito cedo – em Janeiro. E não percebo as vantagens competitivas deste modelo – curto e ainda a braços com o salto sobre a janela internacional de Novembro.
A não paragem do campeonato durante a janela internacional de Novembro – uma atenção ao mito de um campeonato com “intervalos” ser (a que título?) prejudicial – vai introduzir um conflito de interesses dispensável: entre a Selecção e jogadores; entre jogadores e clubes; entre clubes e Selecção. Jogando três jogos sem os seus melhores jogadores os clubes podem, naturalmente, sentir-se prejudicados pela possível perda de pontos – nomeadamente de bónus - que podem ser fundamentais para a classificação dos quatro primeiros classificados ou para garantir a permanência. E para as perguntas, não encontro respostas: que vantagens? com que interesse? com que resultado junto de parceiros, de patrocinadores e de espectadores? e o resto do ano com que interesse competitivo? para que jogadores? etc.
E se não vejo nenhuma vantagem neste modelo – percebi que a única vantagem que via (passagem de oito a seis clubes na próxima época) se esvaneceu – também não vejo qualquer vantagem na proposta de época da ARS para os sub-14: sevens no primeiro trimestre da época? no campo todo e sem participação dos absolutamente necessários “gordos” que irão formar os cinco-da-frente do futuro? (é a isso que se refere o termo “gordos”: aos membros do cinco-da-frente, que, embora vindo a tornar-se atletas, correspondem àqueles que, no ataque do XV, as “gazelas” pretendem, por razões visíveis em qualquer jogo internacional, ver a defendê-los.).
Portanto e com esta medida, admite-se que o gesto técnico do sevens iguala o do XV; que o espaço superior que cada um terá será o ideal para a iniciação e formação de um desporto colectivo de combate; que a possibilidade de jogar a recuar garante a introdução e o domínio do princípio de “avançar sempre!”; que a ampliação dos intervalos ensina o jogo colectivo de apoio e percepção das suas linhas de corrida, etc. E ainda que, numa altura que se fala muito de ampliar a influência do jogo a maior recrutamento, diminuímos as participações activas.
De facto nem uma nem outra das competições me parecer a melhor das soluções e, tão pouco, que o futuro do rugby português ganhe alguma coisa com o facto.