sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

DO TIKI-TÁKA AO JOGO DE MOVIMENTO: A CONTINUIDADE (I)

Pode aplicar-se o tiki-táka culé ao rugby?
Poder, pode. É disso, desse toca-e-foge, que trata o rugby de movimento.
O futebol do Barcelona assenta, para além de uma técnica individual muito elevada, na posse da bola, nas trocas de passe e, essencial, no movimento dos jogadores que abrem contínuas linhas-de-passe para manter o apoio à continuidade do movimento. Simultaneamente existe uma organização colectiva que se baseia numa esclarecida cultura táctica que, permitindo a leitura adequada dos desequilíbrios da situação, adapta os caminhos a seguir para explorar a oportunidade de cada momento. Técnica individual desenvolvida, movimento da bola e dos jogadores, ataque de espaços vazios e intervalos, coesão e organização colectiva, posicionamento, consciência táctica, confiança,  fazem este modelo futebolístico.
O jogo de movimento do rugby, pesem as características próprias de cada modalidade, não é conceptualmente muito diferente. Para que haja movimento da bola e dos jogadores é necessária a sua posse apoiada pelo movimento dos jogadores adequado e adaptado á abertura de linhas-de-passe que garantam a possibilidade da circulação da bola nos mais diversos sentidos. O que se traduz na expressão dos mesmos conceitos de técnica individual desenvolvida, movimento da bola e dos jogadores, ataque de espaços vazios e intervalos, coesão e organização colectiva, posicionamento, consciência táctica e confiança.
Vivendo, para que o modelo possa atingir um elevado nível competitivo,  de uma outra característica comum: tem que ser apreendido, praticado e desenvolvido desde a formação inicial.
É, numa e noutra modalidade, a continuidade do movimento assente numa permanente adaptação ao espaço e tempo disponível, aos pontos fracos e fortes do adversário que permite a exploração do desequilíbrio e a utilização da oportunidade. No rugby, porque o passe não se faz para a frente e é permitido – agarrar, derrubando – placar o portador da bola, a CONTINUIDADE é um dos seus Princípios Fundamentais. Que se faz de passes, de circulação, de alternâncias de tipo, de ângulos, de direcções, de sentidos e da disponibilidade de adaptação dos jogadores ao movimento da bola, controlando o espaço livre e garantindo o tempo de execução necessário.

Barbarians-All Blacks, 1973 – A continuidade como estilo de jogo

Para que haja este jogo de movimento – esse carrossel que surpreende, desorganiza e desequilibra defesas – é preciso garantir a sua continuidade. Que exige cultura técnica e táctica, individual e colectiva, movimento, adaptação à situação, recolocação permanente, disponibilidade mental e física dos jogadores e a confiança dada por longas horas de prática. Naturalmente – no rugby mais do que em qualquer outro jogo desportivo colectivo – que a continuidade deve garantir princípios de eficácia, avançando permanentemente no terreno e aproximando-se, em sequências de jogo alternado adaptadas às circunstâncias,  cada vez mais da linha de ensaio adversário.
É claro que, do outro lado e com objectivos contrários, está a defesa adversária procurando manter-se organizada na sua zona de conforto e pretendendo impedir o avanço atacante para recuperar a bola.
Neste jogo de opostos de que sairá vencedora a equipa de maior eficácia na continuidade, como deve actuar a equipa atacante para atingir o seu objectivo mínimo de avançar no terreno? Primeiramente criando a pressão necessária à desorganização defensiva e dessincronização temporal com pronto recurso ao apoio organizado que, transformando um grupo numa unidade coesa e eficaz, garantirá a continuidade do movimento e a eficácia do propósito.
 (segue)   


 

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