Há uma enorme diferença na forma de encarar o jogo entre o Sul e o Norte.
No Sul, com aquela forma de jogar, basta ser-se adepto para se ir ao estádio e gozar o espectáculo; do lado de cá, porque o jogo é mais do que aborrecido, só o clubismo é que nos chama ao estádio. Pelo menos esta é a ideia com que fiquei depois de ter visto o Montpellier – a equipa de que faz parte o Gonçalo Uva – ganhar, contra o Castres, o acesso, numa única mão, às meias-finais do campeonato de França e o jogo entre os dois primeiros, Blues e Reds, do Super 15.
Do lado de lá a bola está viva, as equipas procuram atacar os espaços; do lado de cá, num combate permanente, a bola move-se pouco, o ataque ao muro é a constante, as faltas uma permanência e as paragens uma imagem de marca.
A maior diferença está na capacidade sulista de garantir a continuidade do jogo e o avanço no terreno para desequilibrar defesas. A continuidade é garantida dando prioridade ao movimento da bola, ao passe, e evitando passar pelo chão – a panóplia de passes é enorme e na cabeça de cada um existe o objectivo de fazer chegar a bola ao companheiro que se aproxima. Quando a ida ao chão é inevitável a preocupação de garantir uma utilização rápida da bola é a finalidade do contacto. E a partir daí surge uma outra lição: o passe de ligação com as linhas atrasadas – rápido, tenso e na linha.
E aí, Will Genia, o formação australiano dos Reds, deu uma enorme lição do que é um médio-de-formação contemporâneo: a variedade das decisões, a velocidade de passe, o ângulo – lançando o companheiro no corredor aberto da linha defensiva - fazem dele um interesse particular para os jogos do Mundial