O novo centro de treino do Real de Madrid assenta, na sua estrutura física, numa escadaria atravessada por três portas que dão acesso aos espaços de balneários, treino e apoios e cuja subida permite um primeiro acesso aos amarelos, um segundo aos azuis e um terceiro aos brancos, o topo das equipas - simbolizando assim o muito que os miúdos de catorze, quinze anos, têm ainda que trabalhar para chegarem à primeira equipa… e os cartões de cada um só o deixam atingir o patamar que lhe corresponde, a porta seguinte só abre com outro cartão.
Reconheço o mérito deste simbolismo e sempre manifestei a opinião que as selecções nacionais não deveriam ter equipamentos idênticos para utilização pelos diferentes escalões etários. Propus, por diversas vezes, que a única camisola “limpa” deveria ser a da selecção principal. As outras, as dos escalões etários, deveriam ter elementos que se iam retirando – como riscas, por exemplo – à medida da subida. O que evitaria o sentimento de que é tudo igual – uma presença num jogo internacional de juniores ou na selecção principal – e que a carreira está feita e que não há qualquer percurso – exigente e trabalhoso – para chegar ao topo. Feito uma vez está feito para a vida. Evitava-se assim quer o erro de posicionamento, quer o abuso de camisolas a passear pela cidade...
Ao que parece as raparigas portuguesas da selecção de sevens irão usar o nome de Lobas numa cópia, aparentemente honrosa dos masculinos, mas, de facto, infeliz e desajustada.
Lobos só há uns: a selecção principal de Portugal. Os outros serão outra coisa qualquer, mas não Lobinhos, Lobitos ou sequer Lobachos – quem ainda nada fez de especial, não tem direito a usar o nome principal (vejam-se os All Blacks: o nome só é utilizado pela selecção principal). E a selecção de sevens, a utilizar nome de guerra deve utilizar outro qualquer – que personalize e distinga.
Pelas mesmas razões, as raparigas – de sevens ou de quinze – devem utilizar um qualquer outro nome (que não faltarão, por exemplo, entre a flora da Arrábida ou entre as aves que voam em Portugal) que as autonomize e caracterize. Mas com outra razão ainda: para que – ao contrário do que tem sido a mostra do europeu feminino – se sintam cada vez menos obrigadas a copiar o rugby masculino e possam procurar e desenvolver uma forma de jogar mais adequada à sua personalidade e características próprias.
O Rugby ganhava.