Numa das sessões o orador convidado foi Eddie Jones, o australiano que treinou a Austrália, foi adjunto na campeã mundial África do Sul de White e é agora o responsável pela preparação do Japão para o Mundial de 2019.
Conta-me assim o José Curado:
"O homem é apresentado, cumprimenta-nos e começa: vocês não fazem ideia do que é treinar no Japão. Eles têm a mania de que treinar é repetir. No primeiro treino que vi reparei que este conceito é levado a extremos impensáveis: durante a primeira hora, dois-a-dois, passavam a bola dando voltas ao campo... Nunca tinha visto e julguei impensável que alguém o fizesse. Imaginam o trabalho que terei para os preparar e mudar-lhes os hábitos..."
Entretanto li numa entrevista como é que Eddie Jones pretende elevar o nível do Japão e colocá-lo tão próximo quanto possível dos melhores. Para o que considera três pontos a atingir:
- condição física melhor que quaisquer dos outros;
- ser tacticamente mais inteligente;
- ter mais velocidade.
A escolha deste gato não vai, com certeza, tornar a transformação fácil nem reduzir o trabalho, mas é bem melhor do que usar o cão que não existe - e que nunca deu uma única vitória na fase final de qualquer Mundial. Fica a curiosidade de ver até onde chegarão estes japoneses com mão australiana.
Deste episódio resulta a exigência de uma já minha e antiga convicção: o rugby exige uma permanente adaptação dos jogadores que não é compatível com a repetição mecânica. E a lembrança de um velho - já o era há trinta anos - e experiente treinador inglês que, num dos cursos que tirei em Inglaterra, nos avisava: treinar é repetir, repetir, repetir...mas nunca da mesma maneira!