A convite do Carlos Nobre a jogar pelo Benfica e na Luz contra equipa inglesa |
Quando joguei, pelo CDUP, pela primeira vez contra o SL Benfica - a memória aponta-me o então Estádio Nacional - o Carlos Nobre já lá estava. Quando joguei pela primeira vez pela Selecção Nacional - no Barreiro, contra a Espanha em 1969 - também já lá estava.
Jogamos, um contra o outro e pelas nossas equipas, diversas vezes - fomos até adversários directamente próximos: ele e eu a médios-de-formação. E uma e outra vez até jogámos juntos pelo Benfica - eu como convidado (dele, claro). No rugby português, o Carlos Nobre é uma das suas figuras incontornáveis. O seu falecimento só nos torna mais pobres e mais fracos.
Foi sempre um membro destacado do rugby nacional, internacional por 21 vezes, lutador, consistente, duro, correcto e sempre leal, foi jogador de talento para qualquer posição - onde fosse preciso lá estava - mas, principalmente e pelo amor à camisola, um destacadíssimo membro do rugby do Sport Lisboa e Benfica. Que aliás, muito lhe deve - dizer que às vezes andou com a casa às costas, não deve ser exagero.
Gostava tanto do Benfica e tanto de ganhar que um dia, treinava eu o Dramático de Cascais - num jogo decisivo para o título nacional e que se disputava na Luz - fui surpreendido pelo encurtamento da largura do campo: era bom de ver, a superioridade do Benfica estava no pack avançado, a nossa, nas linhas atrasadas, na sua velocidade e capacidade de envolvimento, nada como encurtar a largura do campo e obrigar ao confronto, à colisão e evitar a evasão. Ao chegar, fiquei siderado com a manobra táctica - como era possível?! No final do jogo, a vitória pendeu para o Cascais... Ficámos, como sempre, bons amigos. Quando lhe falava nisso, ria-se num quase comprometimento infantil.
O prazer do Rugby ligou-nos sempre.
Até sempre, meu caro Carlos Nobre.