sábado, 22 de abril de 2017

SEVENS E O FACTOR OLÍMPICO

O recente torneio da World Rugby Sevens Series de Singapura foi surpreendente com a vitória do Canadá que - imagine-se - derrotou na final os Estados Unidos.  O Canadá, tendo atingido a final do Glasgow Sevens em 2014, venceu pela primeira vez enquanto que os Estados Unidos, tendo vencido o London Sevens de 2015, participavam em finais pela segunda vez. Mas a verdadeira surpresa foi o facto de - e julgo que nunca terá sido assim - duas equipas fora do TOP5 (terço superior das classificações) terem chegado à mesma final.
O Sevens com a entrada para os Jogos Olímpicos - e parece ter chegado para ficar definitivamente - alterou-se substancialmente e passou a ser uma preocupação desportiva generalizada. A cultura olímpica de muitos países tocou a rebate e as equipas do rugby reduzido dos mais diversos países - aumentando o número de opositores das tradicionais potências - passaram a ter preparações mais cuidadas, apertando-se assim as diferenças entre países e tornando os torneios altamente competitivos e, cada vez mais, com a possibilidade de vencedores inesperados. E assim sendo, o Sevens aumentará cada vez mais o interesse e impacto junto da generalidade dos espectadores adeptos da modalidade.
A Espanha é um bom exemplo resultante do factor olímpico. Equipa média que se viu afastada do núcleo central das World Series, arregaçou as mangas, definiu um programa competitivo e ajustado aos objectivos (estiveram até nas Ilhas Fiji onde deixaram marca pelo seu solidário comportamento de apoio às vitimas das inundações de 2016) e classificou as suas equipas feminina e masculina para os Jogos Olímpicos do Rio. Aproveitando o balanço, venceu agora o apuramento em Hong-Kong - derrotando na final a Alemanha - e no próximo ano pertencerá ao apetecido núcleo da World Series, garantido assim as condições competitivas necessárias para disputar um lugar nos Jogos do Japão.
E, neste quadro, o que se passa com Portugal? Afastado, por erro óbvio de visão estratégica, da World Series depois de ter falhado a possibilidade de disputar - ao contrário do conseguido pela equipa feminina - o torneio de Repescagem, o Sevens português masculino tem um difícil caminho de recuperação. Mas, caso o Brexit não estrague as coisas com eventual descontrução da Grã-Bretanha, a chegada da Espanha às World Series e a mais que provável manutenção da Russia - o Japão, com o apuramento garantido para os Jogos Olímpicos e apenas com a preocupação de construir uma equipa para o Mundial de 2018 não é de momento adversário capaz - a equipa portuguesa tem uma boa hipótese de conseguir a qualificação para a disputa do apuramento em Hong Kong 2018, tendo, para isso, de se qualificar no GPS Europeu no primeiro lugar, retiradas as 6 equipas que já se encontram qualificadas. No entanto e para além da Alemanha que tem investido muito na variante, Portugal terá ainda como adversários a Geórgia, a Itália, a Roménia ou a Irlanda. O que exigirá uma preparação cuidada e imediata.
E Mundial? Temos hipóteses de estar presentes?
Neste caso o apuramento fia mais fino. Apurados estão os oito semi-finalistas de Moscovo dos quais três são europeus: Inglaterra, Gales e Espanha. No final da World Series serão apuradas as 4 equipas melhores classificadas e que não estejam no primeiro grupo e prevendo-se que só dificilmente alguma delas seja europeia. Com os Estados Unidos também apurados como país organizador e dentro deste contexto, a Europa terá ainda dois lugares de classificação para os quais Escócia, Gales, Espanha, Alemanha, Geórgia, Roménia ou Irlanda serão os candidatos melhor preparados. 
As dependências da clkassificação são muitas e os factores competitivos são muito exigentes. Assim e antes do mais um objectivo: conseguir lugar na prova de apuramento de Hong Kong - sem a possibilidade de disputar de novo o World Series a preparação necessária para acesso aos Jogos Olímpicos ficará muito, se não totalmente, prejudicada. Conseguido este primeiro objectivo restarão as contas finais para o eventual, mas muito difícil, apuramento para o Mundial 2018. Mas o primeiro e essencial degrau - para que os Jogos Olímpicos não sejam uma miragem e possam estar dentro das possibilidades - é a classificação para Hong Kong. O resto se verá depois...

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