sexta-feira, 28 de abril de 2017

SERAFIM MARQUES (1924/2017)

Faleceu Serafim Marques. Despediu-se da Família e dos Amigos em fato azul e com a gravata do CDUL, o seu grande amor desportivo.
O Rugby português deve-lhe muito. Para além de ter sido fundador do CDUL - sócio nº 2 - foi seu treinador e um dos responsáveis pelo brilhante palmarés que o clube detém, sendo, ainda hoje,  o clube com mais campeonatos conquistados (19), muitos dos quais com a sua participação directa.
Serafim Marques foi o homem que deu voz ao Rugby, quer ao nacional com a escrita no Diário Popular, quer mostrando-nos, com a sua persistência e qualidade de comentador, o rugby internacional através da sua voz que acompanhava os jogos, a preto-e-branco, do então Torneio das Cinco Nações. Com ele muitos portugueses passaram a gostar de rugby, com ele muitos jogadores portugueses aprenderam a ser melhores, vendo as grandes vedetas internacionais e percebendo as diversas possibilidades de resolução de problemas que o jogo coloca. Com ele, Serafim Marques, o rugby português ganhou uma faceta cosmopolita. Com as transmissões que ele possibilitou - sei bem da luta constante que travou para garantir a sua continuidade - o rugby português percebeu que se pode ser adepto e ser civilizado, que se pode estar sentado ao lado do cachecol diferente sem que isso provoque qualquer atitude menos civilizada.
Fui, sou, Amigo de Serafim Marques. Em fase já avançada da sua incapacidade, conversámos e tive a grata alegria de ser reconhecido e, mais, muito mais, podermos recordar histórias comuns. Sei que há dias perguntou por mim a um amigo comum: já não fui a tempo...
Devo, para além da Amizade, muito ao Serafim - o Cordeiro do Vale jornalista. Aprendi com ele as técnicas da escrita jornalística - foi ele que me "empurrou" para a minha participação jornalística no República - foi com ele que aprendi a montar os vídeos televisivos de jogos, foi com ele que fiz os meus primeiros comentários em transmissões televisivas rugbísticas. E foi com ele - com a sua paciência e persistência em longas horas de treino individual - que melhorei as minhas capacidades técnicas. E foi também com ele que iniciei a minha carreira de treinador - era capitão de equipa e lesionei-me com largo tempo de recuperação - ao desafiar-me para o ajudar, treinando as linhas atrasadas da equipa sénior do CDUL. Fomos campeões nacionais, ganhei-lhe o gosto e fiz-me treinador para o resto da vida.
Perdi um Amigo que não esquecerei. E perdi-o no dia em que fiz 70 anos.

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