quinta-feira, 20 de abril de 2017

LIONS 2017 - A DIGRESSÃO


Já são conhecidos os 41 nomes escolhidos por Warren Gatland para constituir a equipa The British and Irish Lions para a digressão à Nova Zelândia onde durante cerca de mês e meio defrontarão os All Blacks - por 3 vezes - e realizarão mais 7 jogos contra equipas neozelandesas do Super18 e os Maori All Blacks. A escolha foi a da lista que segue:





































O capitão desta equipa equilibrada, versátil e experiente - 14 repetentes em digressões dos Lions e dois (o irlandês Rory Best e o galês Alan Wyn Jones) pela terceira vez e 7 irlandeses vencedores dos neozelandeses em 2016 em Chicago - é o galês Sam Warbuton que também repete a qualidade de Lion e de capitão. A distribuição por países apenas pode surpreender no número de jogadores galeses mas existem razões da ordem da experiência que o justificam.
A distribuição dos jogadores por posições mostra que alguns deles cobrem mais do que uma posição (Owen, Itoje, Moriarty, Liam Williams são bons exemplos) uma vez que alguns dos lugares, como os aberturas ou bases têm um número baixo para as necessidades, principalmente quando, pela dureza das exigências da  digressão. 

A experiência internacional dos jogadores convocados é elevada, como se pode verificar no quadro seguinte com 27 dos jogadores com mais do que 30 internacionalizações e este facto, a que se junta a experiência competitiva da Premiership inglesa, da PRO12 para irlandeses, galeses e escoceses e ainda o TOP14 francês e os hábitos competitivos das Taças europeias, dá uma dimensão de capacidade competitiva a estes Lions que não pode ser ignorada. É uma equipa potencialmente muito capaz, veremos se a "cola Gatland" será suficiente para fixar. 



A questão fundamental para que os Lions possam ter possibilidades de vencer os All Blacks estará na capacidade de atingirem o nível de coesão colectivo - o factor mais conta para o êxito nos desportos colectivos - necessário para enfrentar uma equipa que conhece de cor os seus caminhos e que tem na sua permanente atitude ganhadora um dos seus maiores trunfos. Com jogadores de quatro países e portanto de 4 selecções nacionais de estilos distintos, de 2 campeonatos diferentes (21 da PRO12 e 20 da Premiership) e de 17 clubes (9 ingleses, 3 irlandeses, 3 galeses, 1 escocês e 1 francês) os Lions constituem um conjunto de hábitos culturais e competitivos diferentes. Situação a que há ainda que juntar o facto de muitos dos jogadores poderem vir a estar envolvidos, praticamente até à hora da partida, nas finais dos respectivos campeonatos ou das Taças europeias. Como transformar este grupo numa equipa?
Gloucester Rugby joga na Premiership inglesa e o Toulon no TOP14 francês
E esta é a maior curiosidade desportiva que a digressão comporta: como vão fazer? de que métodos se irão servir? Como preparar uma equipa que se juntará totalmente apenas e quase dentro do avião?Gatland e os seus Lions têm já a experiência da viagem vitoriosa de 2013 (2-1 nas series) à Austrália - o que é uma boa plataforma de confiança nas capacidades e possibilidades - mas a tarefa é duríssima e o desafio enorme. Tão grande que torna estas digressões dos Lions - intervaladas de 4 em 4 anos - como um dos marcos, porque sem igual, do desporto mundial.
Apostando na versatilidade, mobilidade, capacidade técnica (principalmente num cinco-da-frente capaz de, para além de eficaz nas suas tarefas prioritárias, jogar em passes) e na experiência - daí a maior razão do número de jogadores galeses que têm 9 jogadores que já sentiram as dificuldades de jogar na Nova Zelândia na digressão de 2016 - a equipa técnica de Gatland começou já a demonstrar preocupações na adaptação dos seus jogadores ao meio ambiente que irão encontrar - e onde, falando embora a mesma língua, existem diferenças culturais assinaláveis - preocupado em garantir que a pretendida coesão desportiva não deslace pela componente social. O que se diga ou escreva na comunicação social será percebido e para que este factor não se torne prejudicial, Gatland já começou a propor aos jogadores que comecem a conhecer melhor a cultura neozelandesa e a sua forma de viver, vendo alguns filmes já recomendados. Evitar ser surpreendido e manter o foco é o objectivo. 
Na tratando estas digressões, por longas e de grande dureza competitiva - Graham Henry considera que o calendário é brutal - apenas do aspecto desportivo, será, no entanto e apenas, pelos resultados que a sua qualidade será analisada. E daí as enormes expectativas que envolvem este desafio. Que, como facto único, é um enorme ponto de interesse da comunidade rugbística mundial. 
Por cá - sempre com a secreta esperança de transmissões televisivas que nos coloquem dentro do campo - ficaremos com as expectativas de grandes jogos que se iniciarão a 3 de Junho contra os Provincial Barbarians.

Arquivo do blogue

Quem sou

Seguidores