O Desporto tem características próprias que o definem e enquadram. O Desporto federado, enquadrando-se no domínio do Rendimento, afina mais ainda características próprias que vão definir a Competição Desportiva dando-lhe um enquadramento de princípios e valores que são únicos e que, como tal, devem ser garantidos e respeitados.
Um dos princípios fundamentais da Competição Desportiva é o EQUILÍBRIO. Expressão que vai estabelecer que a competição — para que seja atractiva para actores e espectadores e se conforme aos princípios e valores defendidos — não tem vencedor antecipado e que todos os seus intervenientes poderão vencê-la. Mas sempre sem recorrer ao eufemismo de conceitos que mais não representam que facilidades administrativas para ultrapassar equipas de superior mérito desportivo. É, de facto, por necessidade de garantir o necessário equilíbrio que no Desporto Rendimento existem divisões. Ou número limitado de equipas para cada competição. Quadros que se estabelecem por razões desportivas e não por quaisquer outras por mais que as aparências das boas falas nos pretendam iludir. O Desporto rege-se por regras e valores que lhe são próprios e o caracterizam e as decisões sobre a sua organização devem, inequivocamente, respeitá-los!
Este equilíbrio que é necessário e se evoca, não é um mero conceito retórico baseado numa qualquer “fezada”. Para o determinar existem os resultados — esse parâmetro determinante do domínio do rendimento desportivo — que demonstram, recorrendo aos algoritmos aplicáveis, quão equilibrada é, por mais complexo que possa parecer, uma competição.
Atribuindo o estatuto de primeiro nível a 12 equipas para a disputa da principal competição, os clubes e a própria Federação não tiveram presente nem a real capacidade que clubes e as suas equipas têm demonstrado, nem a experiência recente. Tão pouco os seus dirigentes — com uma ou outra pequena excepção que terá sido assimilada — foram capazes de reconhecer a evidência. E a verdade é esta: mais vale competir num nível abaixo onde as capacidades colectivas e individuais dos praticantes se aproximam e equilibram do que noutro mais elevado e onde o jogo se torna absurdo.
E, se não for assim, teremos resultados como o que está transposto no primeiro quadro! Um verdadeiro elogio ao desequilíbrio e, portanto, à não-competição.
Embora não se podendo fazer rigorosas comparações entre as diferentes equipas por, tratando-se de
competição por grupos, não ter havido confrontos entre muitas delas, é possível ter uma visão geral
do profundo desequilíbrio gerado. E assim houve jogos, pela distância de capacidades conhecida das oposições, que pouco ou nenhum interesse competitivo demonstraram. Prejudicando, naturalmente, praticantes e o seu desenvolvimento técnico e táctico como se pode perceber pelo ridículo valor do Índice de Competitividade atingido.
Com 15 jogos — 42% dos 36 realizados — de resultados distanciados por mais de 30 pontos numa clara demonstração de “vitórias fáceis” a que se juntaram mais 6 jogos, estabelecendo um valor global de 58% de resultados com diferenças superiores a 15 pontos (o valor estabelecido pela WC para que os pontos de ranking sejam multiplicados), esta fase de apuramento não pode ser considerada como suficientemente competitiva para proporcionar qualquer adesão aos objectivos que o Desporto Federado deve prosseguir. E, muito provavelmente, a decisão que a impôs ou aceitou é
responsável — pela falta de capacidade competitiva que proporcionou — pela derrota contra o Brasil num jogo que, cá ou lá, deveríamos ganhar e não, como aconteceu, perder pontos e posicionamento de ranking.
Como se pode ver pelo segundo quadro que aqui se apresenta os níveis da competição mais elevados são atingidos com competições com 6 equipas — e não vale a pena começar a época com 12 clubes para definir dois grupos posteriores de 6. A evidência está nos resultados conseguidos quer na época de 2017/18, quer no conseguido na abertura desta época.
Se é fácil verificar pelos dados expostos que o melhor nível competitivo está limitado a 6 equipas, a possibilidade de competição com superior número de participantes não pode ultrapassar 8 equipas (IC=40 em 2018/19). Porque a realidade dos números limita, hoje em dia e sem que haja qualquer alteração sistémica de processos e métodos na composição e treino das equipas mais fracas, a sete o conjunto de equipas com capacidades de se mostrarem minimamente competitivas.
É bom não esquecer que à “simpatia de 10 clubes”, correspondeu também o “passeio” pela 3.ª divisão europeia sem qualquer vantagem fosse para quem fosse.
Os resultados deste passado fim‑de‑semana alertam, com as duas vitórias com bónus defensivo no Grupo do Título e as duas vitórias por mais de trinta pontos no Grupo da Despromoção, para uma situação próxima (ver 2º quadro) daquela que se passou na época 2017/18 com um IC=51 para o Grupo A e um IC=6 para o Grupo B. Ou seja e claramente existem duas distintas divisões. Atentos, devíamos tomar nota.