Não ficou completa a 2ª jornada da fase de Grupos da Divisão de Honra por uma louvável e responsável decisão motivada pela existência do caso de um jogador do Rugby Clube de Montemor infectado pelo Covid-19. Embora um adiamento seja sempre desagradável, principalmente para os jogadores, neste caso especial a não realização do jogo só veio demonstrar a responsabilidade que o Rugby tem e mostra-se como evidência do seu compromisso de que a saúde está acima de qualquer interesse desportivo. Situação concordante aliás com o que expressam os seus valores e regulamentos.
Como se pode ver no quadro superior - onde as equipas não estão separadas por Grupos mas sim como se estivessem a competir todas-contra-todas - o equilíbrio desta Divisão de Honra não tem sido - como já se saberia iria acontecer - a nota dominante. Basta ver as colunas de pontos-de-jogo e de ensaios marcados... E não vale a pena utilizar o argumento de que é a jogar com os melhores que se aprende. Não é! Essa falácia escamoteia a realidade: numa competição deequilibrada, os melhores baixam a sua capacidade competitiva e os mais fracos limitam-se a ter a prova das suas fragilidades. Ninguém ganha ou progride...Neste segundo gráfico pode ver-se a diferença de pontos-de-jogo nos jogos realizados e que demonstram a enorme diferença de capacidades competitivas entre as equipas desta Divisão de Honra. Quatro dos sete jogos já realizados terminaram com diferenças pontuais superiores a 30 pontos - com direito a pontos de bónus - a que se acrescenta um quinto com uma diferença superior a 15 pontos. Apenas dois jogos se mostraram suficientemente equilíbrados para permitir pontos de bónus defensivos aos derrotados.
Portanto esta forma competitiva será tudo menos isso - os números vêm mostrando que a divisão superior tem como limite o máximo de 7 equipas - e este modelo, mesmo que se considere a pandemia como seu principal responsável, não serve para colocar os jogadores ao nível das necessidades dos jogos internacionais. E é essa a principal responsabilidade da competiçao da principal divisão que deve, por isso, juntar apenas os clubes com condições de equilibrar cada um dos jogos. Porque ninguém se interessa por competições sem equilíbrio e de vencedores antecipados e o Rugby, neste desinteresse, perde na sua globalidade.
Perceber que são os resultados internacionais que definem a imagem - o tempo perdido na 3ª divisão europeia deixou visíveis marcas - é absolutamente necessário para o desenvolvimento do Rugby português. Só assim se aumentará a adesão e a atractividade. A que se acrescenta patrocínios e apoios. É bom que se perceba: é o interesse competitivo da divisão principal e a qualidade dos resultados internacionais que cria a atractividade do nosso Rugby. E que permitirá, por isso, o alargamento da sua prática.