O factor fundamental que define uma competição desportiva estabelece-se no equilíbrio entre os seus participantes - é para garantir isso que no Desporto existem Divisões e Rankings. Para que cada concorrente compita com outros que lhe estão próximos em termos de rendimento e, portanto, que seja possível que o ganhar e perder seja resultado desse rendimento demonstrado dentro do campo e não uma evidência exterior à inexistência de uma disputa competitiva.
Infelizmente o actual, como aliás outros anteriores, campeonato da Divisão de Honra - para além dos males da pandemia que o tem afectado e que neste aspecto, do equilíbrio, não é ouvida nem achada - não mostra essa necessária qualidade de equilíbrio competitivo produtor de interesse e desenvolvimento.
O elevado número de pontos sofridos, resultando em enormes diferenças negativas entre pontos marcados e sofridos, por 5 das equipas, diz bem das enormes dificuldades defensivas demonstradas e, portanto, da incapacidade evidente de resposta competitiva.
Neste quadro demonstrativo da Capacidade Competitiva pode verificar-se, como já demonstrado por diversas vezes e noutras ocasiões, que o número ideal de equipas, para que se garanta o equilíbrio competitivo exigível, é de 6 e que o limite - já sem o equilíbrio que possibilite que a grande parte dos resultados sejam tidos como inesperados - se situa em 8 equipas. Os números, ao longo das épocas, existem e devem ser tomados em consideração quanto da tomada de decisões. Os interesses, que de pouco deveriam contar no domínio desportivo, não devem, não podem, ser os factores determinantes. Na área do Desporto Rendimento como é esta, são os factores desportivos - qualidade demonstrada pelos resultados obtidos - que contam e que devem ser objectivamente utilizados.
Como se pode ver no quadro acima representado, apenas 2 jogos tiveram como diferença de resultado 7 ou menos pontos e 10 dos jogos - entre os 16 já realizados - tiveram resultados finais com diferenças superiores a 30 pontos, mostrando claramente o desequilíbrio competitivo verificado nesta Divisão de Honra.
Está visto: ou se equilibra, possibilitando a incógnita da vitória na grande maioria dos jogos a disputar, ou a disputa deste tipo de competições não trará qualquer vantagem - bem pelo contrário - ao desenvolvimento do Rugby português nem o aproximará dos seus competidores internacionais. Este campeonato da Divisão de Honra - onde a aplicação do conhecido rácio S80/S20 da desigualdade de rendimento, demonstraria que os 20% de clubes melhor qualificados teriam 32 vezes mais pontos que os 20% piores classificados - tem ainda um outro quadro esclarecedor, o da comparação entre a percentagem de jogos de resultados esperados (81%) e de resultados inesperados (19%), isto é, que poderiam constituir uma surpresa.
Bem sei que se pode dizer que a pandemia, nomeadamente ao levar à organização regional das séries, poderá ter ajudado ao aumento dos desequilíbrios mas, acredite-se no que se quiser, os factos são estes desde há muito tempo: campeonato equilibrado é o disputado por 6 equipas e o limite de um campeonato capaz está em 8. Podendo até dizer-se que 7 equipas podem constituir um campeonato em que as surpresas de resultados podem acontecer em número significativo, retirando a certeza do prognóstico do último lugar.... E se for essa a base da construção da classificação final quem ganha é o Rugby português que levará as equipas, os jogadores e os treinadores a progredirem e, assim, a prestarem um melhor serviço público - fazendo jus ao estatuto de Utilidade Pública Desportiva que a modalidade tem - porque melhores resultados internacionais serão conseguidos. O que, a acontecer, proporcionará melhores patrocínios e maiores atenções, permitindo que mais clubes - que objectivamente dependem dos resultados conseguidos ao mais alto nível - consigam atingir, através da cooperação na competição que devem, em tempos diferentes, manter, caracterizando uma plataforma de desenvolvimento. Ganhando o Rugby português e todos aqueles que gostam - os adeptos - de ver um Rugby bem jogado.