quarta-feira, 24 de março de 2021

A FRANÇA JOGA E GALES ESPERA: QUEM GANHA O TORNEIO?

 



Com a excepção do Escócia-Itália que não foi mais do que um bom treino para os escoceses que nunca tiveram problemas para vencer por 8-1 em ensaios, os outros jogos realizados, incluindo os da Rugby Europe Championship, foram interessantes com um aboa luta pelos resultados.
No Irlanda-Inglaterra viu-se de novo a enorme capacidade de combate irlandesa que não deram qualquer oportunidade aos ingleses. A Inglaterra defraudou, mais uma vez — e depois do que pareciam pazes feitas depois do jogo de Twickenham com a França — os seus adeptos que começam, cada vez mais, a não acreditar no treinador australiano Eddie Jones. Ao ponto de, um dos seus maiores adversários — o antigo internacional Stuart Barnes (hoje comentador) — ter escrito no Times que “Eddie Jones é o Donald Trump do rugby e que seu descontrolado ego está a colocar a Inglaterra num declínio terminal.”. Para demonstração de uma total falta de confiança não se podia demonstrar melhor...
 O jogo mais importante de um ponto de vista competitivo seria o França-Gales a disputar em Paris. E foi de grande competitividade e a, de novo, levantar a admiração sobre Gales que, com uma população de 4 milhões de habitantes, consegue formar um número enorme de bons jogadores. Numa recente entrevista, o grande Gareth Edwards explicou o processo: “somos habituados e “puxados” desde miúdos — por pais e professores — para aderirmos à ideia de que a única forma para que o Mundo saiba da existência de Gsles será por sermos bons no rugby.” E este desafio tem tido uma resposta fantástica. Desta vez as expectativas não tiveram o melhor final — perder o Grand Slam no último minuto do jogo deixa, seguramente, marcas de tristeza profundas. Mas, embora dependendo da Escócia, o Torneio pode ainda ser ganho.
Os franceses, numa excelente demonstração de uso da posse da bola, num cada vez mais elaborado rugby de movimento — na tradição do melhor que a França já conseguiu e demonstrou ao mundo rugbístico — para além da força mental que revelaram, nunca virando a cara e mantendo o nível de confiança elevado... para no final mesmo conseguirem a vitória e abrirem assim a porta da oportunidade de vitória no Torneio.
Vitória no Torneio que não será fácil — o jogo realiza-se em Paris na próxima sexta-feira — uma vez que a França para o vencer terá que marcar 4 ensaios — obtendo o ponto de bónus para conseguir atingir os 20 pontos da pontuação de Gales. O que não chegará uma vez que, com as duas equipas empatadas, haverá que recorrer ao segundo factor de desempate que se define na diferença entre pontos de jogos marcados e pontos de jogo sofridos. E a diferença para os franceses exige que consigam uma diferença de 21 pontos sobre a Escócia. Se se ficar pelos 20, 6 é o número de ensaios necessários para garantir o primeiro lugar. Será que os escoceses vão andar pelos ajustes pelos ajustes?...ou vai embarcar, incapaz de respostas equilibradoras, como em 2007?
Para além da determinação e da disciplina da equipa — 6 penalidades contra 15 dos galeses — que os levou à vitória, os franceses mostraram ainda opções tácticas no desenvolvimento do ataque à defesa adversária — fugindo, à medida que o final se aproximava, da marca Gaulthié de “entrega da posse” (dépossession) fazendo durante todo o jogo apenas 19 pontapés contra 29 galeses — que merecem reflexão e cópia até: em vez de recorrer às designadas mini-unidades para tentar pelo choque a ultrapassagem das linhas defensivas adversárias numa constante e incompreensível (digo eu) manifestação de força-contra-força, a equipa francesa procurou sempre a manobra para entregar a bola — não áquele que um estádio inteiro de espectadores televisivos já teria adivinhado mas, lançando um jogador que terá a possibilidade de avançar 3-5 metros e assim garantir a ultrapassagem da Linha de Vantagem, conquistando terreno, desequilibrando a defesa e permitindo a continuidade que vai, como se viu, desgastar a defesa adversária. Por outro lado a defesa francesa mostrou-se muito eficaz sabendo muito bem passar, numa mesma acção, da defesa pressionante (rush) à defesa deslizante, cedendo terreno para igualar o número de unidades ou mesmo superioorizar-se. Para ver, reflectir e adoptar!
Alun-Win Jones igualou, com 148, o número de internacionalizações de Richie McCaw
mas tendo ainda 9 presenças nos Irish and British Lions

No âmbito do Rugby Europe Championship, a Geórgia cumpriu o esperado ao vencer a Rússia e a Espanha —  adversária de Portugal no próximo sábado e também com duas derrotas — mostrou-se nas aparências melhor do que o resultado — até à hora de jogo pareceu capaz de vencer a Roménia — mas a sua indisciplina — que fez lembrar os disparates na Bélgica — levou-a à derrota com um ponto de bónus e deixa no ar a curiosidade: será que a Espanha perde o acesso a dois Mundiais seguidos por indisciplina?

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