sexta-feira, 5 de março de 2021

PORTUGAL NÃO É FAVORITO

Portugal estreia-se contra a Geórgia no Rugby Europe Championship (REC) que, com os resultados de 2021 e 2022, irá apurar as duas equipas — Europe 1 e Europe 2 — que se qualificarão directamente para o Mundial de 2023, possibilitando ainda que a terceira classificada possa disputar, com equipas de outros continentes, a Repescagem que atribuirá o último lugar de acesso ao campeonato mundial que se disputará em França.


 A Geórgia é uma equipa bastante forte — 12º lugar do Ranking World Rugby — e apresenta no seu cartão de visita e desde 2000, 14 vitórias neste campeonato europeu. O que é obra e vem levantando alguma celeuma pelo facto do 6 Nações não permitir a troca de equipas, nomeadamente com a Itália.

Feitas contas com os pontos da classificação do ranking de ambas as equipas, o resultado final normal será uma vitória dos georgianos por 14 pontos de diferença — o último encontro entre estas duas equipas teve uma diferença de 15 pontos com um resultado de 39-24 favorável à Geórgia.

Nos últimos jogos efectuados pelas duas equipas, jogos do REC de 2020, 3 jogos da Autumn Nations Cup contra equipas do topo europeu e que resultaram em derrotas duras para a Geórgia e dois jogos contra o Brasil para Portugal, os georgianos apresentam uma vantagem de 6% no sucesso de vitórias e 4% na quota de pontos de jogo. O que demonstra a valia e capacidade deste adversário dos portugueses.


Com idêntica média de idades (26 anos) e com uma compacticidade que se assemelha — os portugueses têm até um bloco de avançados ligeiríssimamente mais pesado do que o georgiano — é no entanto na experiência internacional que surge a grande diferença: 570 internacionalizações georgianas contra 175 portugueses. Factor que, sabe-se, pode pesar nas decisões inerentes ao domínio competitivo.

Portanto Portugal está longe de se apresentar como favorito neste encontro: os georgianos têm um historial de melhores prestações competitivas, têm mais experiência e têm, ao contrário do que acontecia no passado, uma boa capacidade de marcação de ensaios — apesar de terem ficado a zero contra a Inglaterra ou o País de Gales, conseguiram uma média de 4 ensaios por jogo (6 por jogo se contarmos apenas os jogos do REC). 

Mas tendo um bloco de avançados com 6 jogadores com a experiência do jogo dos campeonatos franceses — José Madeira recebeu recentemente 2 estrelas do Midi Olympique — e com um experimentadíssimo formação como Samuel Marques — jogador do PAU do TOP14 e que é também um excelente chutador aos postes — Portugal pode equilibrar o jogo e conseguir um bom resultado. E se dizemos que a vitória é de uma enorme dificuldade, já o garantir a proximidade do resultado em menos de 8 pontos, sendo possível, seria — com o ponto de bónus obtido — o primeiro passo para uma classificação final que nos possibilitasse o acesso ao Mundial 2023. Daí que, seja qual for a marcha do jogo, a aproximação do resultado deve ser um objectivo permanente da resiliência da equipa e que, para além de permitir conquistar 1 ponto de bónus, pode, num momento afortunado, virar o resultado para uma surpresa. Porque, se apertados, os georgianos costumam ser suficientemente indisciplinados para fazerem penalidades úteis para o jogo português. E se os avançados portugueses forem capazes de garantir rapidez de disponibilidades da bola nos reagrupamentos, o serviço de Samuel Marques permitirá às nossas linhas atrasadas, desde que apostadas no jogo de movimento com combinações de apoio permanente que mantenham a continuidade, a possibilidade de surprenderem a defesa georgiana. Veremos — e é aqui que a experiência contará —  se eles estarão pelos ajustes... mas, como é costume dizer-se, tentar não custa.


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