sexta-feira, 21 de maio de 2021

EQUILÍBRIO COMPETITIVO

Terminou a fase regular da Divisão de Honra do Campeonato Nacional de Rugby tendo sido apurados, o Direito (1ª classificado), o CDUL (4º classificado) que fazem o par de uma das meias finais, o Técnico (2º classificado) e o Belenenses (3º classificado) que formam o outro par. 

Embora a verdade esteja na célebre frase do internacional futebolista João Pinto — "prognósticos só no fim" — é possível fazer e através da análise ponderada de resultados, valendo o que valerá e apesar dos poucos recursos, uma previsão para os vencedores das meias-finais que se  jogarão este fim-de-semana, infelizmente — o que representa, no mínimo, uma desatenção injustificável — com coincidência horário de dois importantes jogos de clubes europeus: a final da Challenge Cup e a final da Champions Cup. Adiante... Contas feitas, a previsão considera a vitória do GD Direito sobre o CDUL por 11/12 pontos de diferença e que o Técnico ultrapassará o Belenenses pela diferença mínima de 2/3 pontos. Veremos o que significam estes dados...

Voltando ao campeonato da Divisão de Honra e como se pode ver no quadro seguinte, o seu equilíbrio competitivo é fraco— e se juntarmos o desequilíbrio do Grupo Despromoção percebemos a impossibilidade de um campeonato capaz com 12 equipas. Nesta comparação com outros campeonatos não deixa de ser curioso verificar que a prova mais equilibrada é a da Nova Zelândia na sua recente versão do Super Rugby Aotearoa.

Uma prova competitivamente equilibrada significa que a maioria dos competidores pode vencê-la não havendo por isso a ideia de "vencedores antecipados". Por outro lado uma competição equilibrada desenvolve as qualidades dos participantes, possibilitando-lhes a melhoria necessária para atingir estádios superiores de domínio dos aspectos técnico-tácticos que formam o jogo.

Note-se que algumas das competições ainda não terminaram e que a competição espanhola, formada por 12 clubes é, embora sendo mais dura —  pelas distâncias a cobrir e duração — do que a portuguesa, do mesmo nível de equilíbrio competitivo.

Tendo como objectivo o apuramento para o Mundial de 2023 e disputando uma prova que se tem mostrado equilibrada como o Rugby Europe Championship — o facto de, nesta época, não haver ainda jogos suficientes descaracteriza o actual valor Noll-Scully do REC 2021 — deve obrigar os responsáveis a pensar o tipo de disputa competitiva que os jogadores portugueses de alto rendimento deverão enfrentar na próxima época. Os resultados necessários para a classificação para o Mundial exigem uma habituação a níveis competitivos elevados e só o equilíbrio competitivo interno pode contribuir para a construção dos patamares capazes de atingir o objectivo pretendido.

O quadro seguinte relaciona o equilíbrio competitivo interno dos campeonatos principais disputados ao longo dos anos. Com se pode ver os melhores resultados foram conseguidos com campeonatos disputados por seis equipas — havendo, no entanto, três épocas (uma antes do Mundial e duas outras na procura de subida da III para a II divisões) com resultados competitivos acima da média e com oito equipas. Também de pode ver a "construção" realizada (10 clubes) para a descida ao Trophy — III divisão europeia. 


Os números apoiam-nos o suficiente para que as decisões a tomar tenham em conta e antes de tudo o mais, os resultados desportivos pretendidos. Julgar que se chega lá através de processos que hierarquizem, prioritizando, factores exteriores à competição desportiva e seu equilíbrio é um puro engano. Porque o alto nível do desporto — o alto-rendimento — exige uma prática continuada de superação e vive no domínio da excelência.




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