A final da Divisão de Honra 2021 disputa-se entre a equipa com o melhor ataque — GD Direito com 297 pontos marcados que englobam 40 ensaios — e a equipa com melhor defesa — AEIS Técnico com 56 pontos e 18 ensaios sofridos. O que permite uma análise, embora não passando disso mesmo, interessante. E é só uma análise interessante, ou divertida se preferirem, porque o jogo de rugby é complexo, dependente de diversos e diferentes factores e que, quando se tratam de duas equipas que se mostraram equilibradas durante a época regular, terão tendência para que não haja qualquer tipo de preponderância de uma sobre a outra. Mesmo tratando-se de equipas que interpretam o jogo de forma distinta: o Direito, mais próximo do “rugby movimento”, procurando alargar o jogo, ultrapassando o contacto imediato e procurando jogar e aproveitar os intervalos entre defensores para utilizar a boa capacidade táctica da sua “terceira-linha” e encadear já nas costas da defesa adversária; o Técnico, num jogo mais físico que, numa maior preocupação de jogo “a um passe”, procura no “pequeno perímetro” a ultrapassagem da linha de vantagem para encadear com os seus avançados e então, libertando terreno nas alas, lançar os seus pontas.
Durante a fase regular o Técnico saiu vitorioso (26-25 na 5ª jornada e 28-19 na 10ª jornada) do confronto entre as duas equipas. Curiosamente no somatório de ensaios dos dois jogos cada equipa marcou 6 ensaios. Vantagem conseguida na particularidade do Direito estar à-vontade na tabela classificativa.
Se olharmos para o gráfico de cima que estabelece a tendência das equipas na marcação de ensaios, podemos verificar que se Direito tende — embora de forma reduzida (de 4 para 3,8) — a diminuir a sua capacidade de marcar ensaios já a sua capacidade defensiva passa de menos de 1 ensaio sofrido para a possibilidade de vir a sofrer 2,8 ensaios. O Técnico apresenta um percurso inverso: se diminui as suas capacidades ofensivas, passando de 3 para 2,2 ensaios possíveis de marcar, aumenta a sua capacidade defensiva com a passagem da média de 2 para 1,1 ensaios sofridos.
Juntando os elementos obtidos e retirando à capacidade ofensiva do Direito a capacidade defensiva do Técnico ainda se verifica uma vantagem de 2,5 ensaios a marcar por Direito. Nos valores ofensivos obtidos para o Técnico verificamos que os 2,1 ensaios que pode marcar ainda distam 0,6 ensaios da capacidade defensiva do Direito. Ou seja: qualquer das equipas pode, aproveitando as capacidades (ou incapacidades) defensivas da outra equipa, marcar 3 ensaios. O que pode querer dizer que não será o número de ensaios que marcará a diferença no resultado. Mas que pode vir a ser, tendo ambas as equipas bons pontapeadores, a localização da marcação dos ensaios, permitindo melhores ângulos de pontapé, que ditará os vencedores. A que se acrescenta também o número e a localização de eventuais penalidades… O que significa que a arbitragem vai ser chamada a um difícil e rigoroso trabalho.
Jogo emotivo portanto, em vista. O que, tratando-se de uma final, não é para admirar. E de que farão, portanto, parte dessa emoção as três equipas presentes — para que nós público adepto, em casa a olhar o rectângulo da Rugby Tv, possámos ter as emoções que nos fazem espectadores.
Como se gosta de dizer: “uma final não se joga, ganha-se!”. O que não sendo propriamente verdade acaba por traduzir os conceitos mais elaborados de que o vencedor se encontrará naquela equipa que se mostrar melhor preparada, com mais equilíbrio emocional, mais focada e com maior capacidade de resistir à pressão. Ou seja, aquela equipa que tenha uma atitude de vitória mais enquadrada com as vicissitudes do jogo.
Que seja um jogo interessante e de resultado incerto a fazer jus ao dito de que, numa final, tudo pode acontecer…