Uma vitória será formidável — as perspectivas de estarmos no França 2023 aumentariam muito.
Mas como se pode ver nos gráficos apresentados, embora possível, não será nada fácil porque o passado pesa (pesará?!). Dos 22 jogos, Portugal conseguiu apenas 5 vitórias e sofreu 16 derrotas. Por outro lado, a equipa russa, com bastante mais internacionalizações (445) do que as portuguesas (276) mostra-se como equipa mais experiente onde o seu nº8 e capitão, Viktor Gresev, com os seus 112 jogos — nos quais marcou 110 pontos — se mostra como jogador a vigiar.
Com estas desvantagens será que Portugal pode vencer?
A resposta é, sem grande favor, positiva: Portugal pode vencer!
No último jogo efectuado, em Kaliningrado em Fevereiro de 2020, Portugal perdeu apenas por um ponto tendo até perdido a possibilidade de vencer o jogo num pontapé final falhado. Em relação à experiência superior dos russos que as internacionalizações parecem demonstrar, veja-se no gráfico que os jogadores portugueses já têm experiência suficiente de jogos internacionais — o jogador com menor número de internacionalizações, Jean Sousa, já tem 31 anos, joga no Montauban da ProD2 francesa, o que lhe dá experiência suficiente para não se deixar surpreender. Parece assim que em matéria de vantagens da experiência estaremos conversados: não seremos inferiores e temos suficiente conhecimento das coisas.
Por outro lado a Rússia, com excepção do penúltimo jogo com a Roménia que venceu por 32-25 com 4 ensaios marcados, tem, nos outros quatro jogos feitos contra as equipas que disputam o REC, mostrado uma enorme dificuldade em marcar ensaios — nos últimos 3 jogos marcou apenas 1 ensaio. Portanto, não serão assim tão assustadores... desde que a formação-ordenada e a defesa dos mauls-penetrantes faça o seu papel. A que se deve juntar uma boa defesa com placagens baixas — chop tackles — que levem de imediato o portador da bola ao chão, permitindo assim que a mobilidade dos jogadores portugueses possa criar turnovers em vez da placagem alta com a preocupação de não deixar circular a bola mas que, permitindo ao portador ficar de pé, lhe permite também aguentar o tempo suficiente para que o seu apoio chegue.
Repare-se que a quota de pontos portugueses dos últimos cinco jogos disputados no quadro do Rugby Europe Championship é de 53% e o número de ensaios marcados de 20, contra 6 dos russos.
Dados estes números e o posicionamento das duas equipas no ranking da World Rugby o prognóstico final é o de uma vitória russa por 4 pontos de diferença — diferença que, como se sabe em rugby, nada significa e que mostra que, mesmo jogando fora — no excelente estádio de Nizhny Novgorod com 44.899 lugares, relvado híbrido (idêntico a Twickenham, Millennium, Murrayfield, Aviva ou Stade de France e construído para o Mundial de Futebol de 2018 — os Lobos podem trazer a vitória e marcar uma posição que lhes permita estar presentes no Mundial 2023.
Para além da consistência técnica defensiva e da boa articulação táctica do ataque, acredito que a entrada em campo com a atitude resiliente e de vencedores idêntica à mostrada na Holanda, trará um final com mais pontos do lado dos Lobos. Boa sorte! Comportem-se como vencedores!