O 13º jogo entre Portugal e Itália — 1 vitória, 1 empate e 11 derrotas — que se realiza hoje, integrado nos jogos-teste de Julho, no Estádio do Restelo num retorno interrompido por muitos anos — tenho ideia de ter lá visto, nos anos sessenta, um jogo da equipa de Portugal com o Quim Pereira a jogar a ponta-esquerdo — tem uma particularidade única: é — numa estreia mundial — arbitrado por uma equipa feminina.
A árbitra principal que chefiará a equipa constituída por Sara Cox, Aurélie Groizeleau e a vídeo-árbitra Claire Hodnett |
Esta equipa feminina comandada pela escocesa Hollie Davidson e assistida pela inglesa Sara Cox e pela francesa Aurélie Groizeleau e tendo por vídeo-árbitra a inglesa Claire Hodnett é uma clara demonstração da importância que a World Rugby está a dar ao rugby feminino, igualando-o na qualidade das suas provas internacionais e defendendo estrategicamente o seu desenvolvimento nas diversas federações nacionais. E este é um exemplo evidente dessa estratégia. E que representará um bom insentivo para as árbitras portuguesas que sentirão, com este acto, um passo maior na respeitabilidade com que devem ser tratadas.
Não deixa, portanto, de ser interessante, num jogo visto por muita gente como meramente másculo, que Portugal — sempre muito limitado nestas coisas da Igualdade de Género — assista a este jogo internacional masculino arbitrado por uma equipa feminina. O que, para alguns, será sapo a engolir… mas como é a Selecção e foi a World Rugby que marcou…engole-se.
A Itália, que apresenta 9 titulares e mais 6 que ficarão no banco que são membros do squad que disputou as 6 Nações, não é — apesar de ter conseguido uma notável vitória em Cardiff contra o País de Gales ( a-propósito: o criador da notável jogada final, o nº 15 Capuozzo, estará no campo bem como o seu finalizador o nº11, Padovani) — uma equipa ganhadora, perdendo ao nível das 6 Nações quase todos os jogos em que participa. E daí o seu posicionamento em 14º lugar no ranking da WR e já atrás do Japáo, Fiji, Geórgia e Samoa.
Mas não vai ser uam equipa fácil principalmente para uma equipa constituída por uma grande maioria de jogadores que não têm tido competições nas últimas semanas.
Os resultados obtidos até agora dão a vitória — de acordo com os valores do ranking da WR — à Itália por uma margem de 7 pontos de diferença. Ou seja e em teoria e sendo a diferença equivalente a um ensaio transformado, Portugal pode conseguir um bom resultado e até chegar à vitória. Veremos…
… se este tempo de treino terá permitido eliminar os erros que nos retiraram a possibilidade da qualificação por mérito para a repescagem do Mundial de França.
No entanto e para além de se poder perceber o estádio em que a Selecção portuguesa se encontra, o aspecto mais importante do jogo será, sem dúvida, a estreia mundial da equipa de arbitragem feminina que ao relacionar o Rugby com a Igualdade de Género conquistará um lugar na História do Desporto Mundial. E Portugal ficará presente.