…depois é a má tradução prática de que foi exemplo este Portugal-Irlanda com a tradução do facto de a um já negativo 41% de posse da bola só ter correspondido 27% de ultrapassagens da linha de vantagem.
Já se percebeu que a nossa equipa teve uma prestação fraquíssima. Culpa dos Jogadores? Culpa do Treinador? Nem por isso! Culpa, fundamentalmente do sistema competitivo e organizativo em que estamos rugbísticamente inseridos com ainda o enorme defeito de assentar, dando-nos a ilusão de um nível de constância inexistente, numa errada leitura da qualidade dos resultados mundialistas.
Para se ganhar jogos de rugby, para além da conquista da bola, é preciso marcar pontos — o ataque, que é, como se diz, a melhor defesa, tem que se superiorizar! — mas para que o ganho seja efectivo, é necessário que a defesa se imponha. E Portugal não conseguiu fazer frente a qualquer das necessidades. Portugal conseguiu fazer 111 placagens das quais falhou 71 com um sucesso de 63%. Mas o pior problema terá sido a má distribuição por jogador: como é hábito, Nicolas Martins realizou — para além do ensaio — 16 placagens, distribuindo a sua acção por todo o campo — grande nº7!! — seguido de Diego Pinheiro com 13 e de Simão Bento com 8.. Mas nos centros houve apenas 5 placagens portuguesas contra 13 irlandeses…
A falta de hábito competitivo “desprovocada” pelo desequilibrado campeonato nacional não treina os jogadores para uma eficácia defensiva que se aproxime ao exigido no nível internacional. E é claro que com a capacidade de manobra dos grupos atacantes na aproximação à linha defensiva demonstrada pelos irlandeses, os jogadores portugueses quando chamados a defensores, mostraram-se incapazes de lhes fazer frente.
E é assim: se nós portugueses não alterarmos a forma como encarámos o exercício competitivo da modalidade — a que se tem que juntar uma alteração profunda da legislação sobre as federações desportivas — a amostra do futuro ficou dada no Jamor. Chama-se desastre!
Nota pós-tristeza pior) Dois aspectos que revelam a pouca importância dada a pormenores que valem pormaiores:1)o fraquíssimo contraste entre a cor das camisolas portuguesas (vermelho) e a cor (um pretencioso dourado) dos números identificativos dos jogadores impossibilitando um bom e necessário reconhecimento de cada um por parte dos espectadores; 2) quando ouvi nos altifalantes da organização que Nuno Sousa Guedes iria realizar a sua 50ª internacionalização, fiquei estarrecido. Porquê? Porque estaria longe da verdade (faria a sua 42ª) e eu próprio avisei, com o envio de uma lista correcta, à FPR — que confirmou, ao que dizem, com a World Rugby — que o dado estava errado. Então porquê os gritos iniciais de festejo? Felizmente desistiram a tempo de qualquer comemoração visível… No entanto, grave foi o esquecimento de uma uma palavra de saudade em homenagem ao Carlos Moita, antigo internacional (18 vezes), recém~falecido e figura reconhecida do Rugby.
Super boa nota) Boa nota do fim‑de‑semana foi a vitória de Gales sobre o Japão (31-22) e que terminou com a sequência de 18 derrotas consecutivas. No meio de tanta tristeza, um boa alegria!