quinta-feira, 17 de julho de 2025

MUDEMOS OU ACABOU-SE



O Rugby é, no domínio dos Desportos colectivos europeus mais conhecidos, o Desporto mais complexo entre todos eles. Porquê? Porque tem quatro formas, das quais três distintas, de marcar pontos — ensaio, transformação, penalidade e ressalto —, outras quatro formas organizadas de luta pela conquista da bola como formações-ordenadas, alinhamentos, pontapés de 22 ou pontapés da linha-de-ensaio e é o único que permite derrubar o adversário portador da bola. Situações que, embora obrigando a uma agilizada articulação permanente, só por si criam aspectos individualizados e distintos de adaptação a cada fase e que vão permitir a disputa corpo-a-corpo no chão. Definindo-se como um Desporto Colectivo de Combate, o Rugby é uma modalidade muito exigente nos diversos aspectos físicos, técnicos, tácticos e mentais. O que exige formas de treino muito cuidadas e bem articuladas tão próximas quanto possíveis da realidade dos jogos, da sua intensidade e da sua constante oposição. E se a competição é fraca, a natural inércia adaptativa vai fazer com que os treinos fiquem longe das melhores exigências. E depois…

…depois é a má tradução prática de que foi exemplo este Portugal-Irlanda com a tradução do facto de a um já negativo 41% de posse da bola só ter correspondido 27% de ultrapassagens da linha de vantagem.


Já se percebeu que a nossa equipa teve uma prestação fraquíssima. Culpa dos Jogadores? Culpa do Treinador? Nem por isso! Culpa, fundamentalmente do sistema competitivo e organizativo em que estamos rugbísticamente inseridos com ainda o enorme defeito de assentar, dando-nos a ilusão de um nível de constância inexistente, numa errada leitura da qualidade dos resultados mundialistas.


Para se ganhar jogos de rugby, para além da conquista da bola, é preciso marcar pontos — o ataque, que é, como se diz, a melhor defesa, tem que  se superiorizar! —  mas para que o ganho seja efectivo, é necessário que a defesa se imponha. E Portugal não conseguiu fazer frente a qualquer das necessidades. Portugal conseguiu fazer 111 placagens das quais falhou 71 com um sucesso de 63%. Mas o pior problema terá sido a má distribuição por jogador: como é hábito, Nicolas Martins realizou — para além do ensaio — 16 placagens, distribuindo a sua acção por todo o campo — grande nº7!! — seguido de Diego Pinheiro com 13 e de Simão Bento com 8.. Mas nos centros houve apenas 5 placagens portuguesas contra 13 irlandeses…


A falta de hábito competitivo “desprovocada” pelo desequilibrado campeonato nacional não treina os jogadores para uma eficácia defensiva que se aproxime ao exigido no nível internacional. E é claro que com a capacidade de manobra dos grupos atacantes na aproximação à linha defensiva demonstrada pelos irlandeses, os jogadores portugueses quando chamados a defensores, mostraram-se incapazes de lhes fazer frente.


E é assim: se nós portugueses não alterarmos a forma como encarámos o exercício competitivo da modalidade — a que se tem que juntar uma alteração profunda da legislação sobre as federações desportivas — a amostra do futuro ficou dada no Jamor. Chama-se desastre!


Nota pós-tristeza pior) Dois aspectos que revelam a pouca importância dada a pormenores que valem pormaiores:1)o fraquíssimo contraste entre a cor das camisolas portuguesas (vermelho) e a cor (um pretencioso dourado) dos números identificativos dos jogadores impossibilitando um bom e necessário reconhecimento de cada um por parte dos espectadores; 2) quando ouvi nos altifalantes da organização que Nuno Sousa Guedes iria realizar a sua 50ª internacionalização, fiquei estarrecido. Porquê? Porque estaria longe da verdade (faria a sua 42ª) e eu próprio avisei, com o envio de uma lista correcta, à FPR — que confirmou, ao que dizem, com a World Rugby — que o dado estava errado. Então porquê os gritos iniciais de festejo? Felizmente desistiram a tempo de qualquer comemoração visível… No entanto, grave foi o esquecimento de uma uma palavra de saudade em homenagem ao Carlos Moita, antigo internacional (18 vezes), recém~falecido e figura reconhecida do Rugby.

Super boa nota) Boa nota do fim‑de‑semana foi a vitória de Gales sobre o Japão (31-22) e que terminou com a sequência de 18 derrotas consecutivas. No meio de tanta tristeza, um boa alegria!

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