quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O FORA-DE-JOGO

As Leis do Jogo marcam-lhe a personalidade. E exigem leitura e interpretação atenta e capaz para que delas se possa tirar, por um lado, o melhor partido e, por outro, levar a equipa ao maior grau de eficácia possível.

A análise das leis de fora-de-jogo nas situações de quebra do movimento ou de paragem - reagrupamentos, formações-ordenadas ou alinhamentos - que, não tratando de situações, em bom rigor, do mesmo tipo, permitem, pela sua própria concepção, perceber as diferentes tácticas a aplicar.

O fora-de-jogo num reagrupamento (REA) define-se pela linha imaginária, paralela às linhas de ensaio, e que passa pelos pés do último jogador que aí se encontra integrado. O que significa que as duas linhas de jogadores, atacantes e defensivos, se encontram muito próximas uma da outra - traduzindo falta de espaço para manobrar e, pelo menos aparentemente, dando vantagem aos defensores. Percebe-se facilmente que a forma de utilizar eficazmente uma bola saída desta situação é directamente proporcional à velocidade de disponibilidade - ou seja, à rapidez com que a bola é colocada á disposição dos atacantes. O que significa que sendo a bola lenta - por inépcia do portador e apoio ou por qualidade do(s) defensor(es) - o ataque só resultará por incapacidade infantil da defesa. Portanto: bola rápida e ataque sem hesitações; bola lenta e há que recomeçar tudo de novo, começando por  voltar a concentrar a defesa.

Com a nova regra que obriga as duas linhas de defensores e atacantes a situarem-se a 5 metros dos pés do último jogador integrado na formação-ordenada (FO) - normalmente o nº8 - a distância entre as duas linhas (cerca de 14 a 16m) aproxima-se da situação dos alinhamentos. Com uma vantagem: há menos jogadores libertos e, por isso, mais espaço e maiores intervalos. A preocupação defensiva de cobrir o lado exterior da linha de defesa, levando os jogadores a deslizar ou a fazerem uma defesa invertida, ajuda ao desenvolvimento do ataque jogando para dentro (cruzamentos ou passes interiores). E a alternância entre jogo para dentro e jogo para fora à medida do adiantamento ou atraso da defesa dará as possibilidades necessárias à eficácia ofensiva.

Nos alinhamentos (AL) o fora-de-jogo define-se pelas linhas situadas a 10 metros da linha de reposição da bola - um espaço de manobra enorme. Mas que, por ser assim grande, também permite às defesas adaptar-se ou recuperar em relação aos movimentos atacantes. Porventura será esta a situação que mais dificuldades colocam ao desenvolvimento eficaz do ataque - e será por isso que, cada vez mais, se vêem jogadores (normalmente avançados) capazes de garantirem penetrações ofensivas, deslocados para zonas definidas dos corredores de ataque, procurando desorganizar a defesa e possibilitar o jogo entre-linhas. Mas este mesmo espaço permite, sem grandes riscos, os saltos necessários a que a bola possa chegar ao corredor exterior - desde que existam movimentos capazes de fixar defensores. O jogo pelo final do alinhamento com lançamento de atacantes pelo intervalo interior do abertura pode permitir conquistas de terreno que, desorganizando a defesa, permitirão um desenvolvimento atacante eficaz.  

Qualquer destas situações permite, portanto, o ataque em primeiro tempo, dependendo da leitura do jogo e do movimento defensivo e, ainda, da capacidade de adaptação que os atacantes demonstrem face à organização defensiva. Abdicar desta possibilidade, ignorando o recurso a ângulos de linhas de corrida diferentes e perturbadores do conforto da defesa,  com base no mítico "não se pode atacar de primeiro tempo" e, pura e simplesmente, jogar de forma esteriotipada, passando por sistema por reagrupamentos, é o primeiro passo para a ineficácia do jogo e para o seu desinteresse.

Arquivo do blogue

Quem sou

Seguidores