sábado, 2 de outubro de 2010

A PROPÓSITO DA FORMAÇÃO


Auto-retrato - colecção: À distância de um braço - com Pierre Villepreux
A formação é o futuro. Da formação de hoje dependerá o futuro do rugby português. Se boa, melhor se jogará e se poderá conquistar pontos à concorrência; se má, perde-se tempo, aumenta-se o desperdício e alargam-se fossos.

Em artigo recente, que tentarei resumir e interpretar, Pierre Villepreux escreve sobre o assunto com a autoridade que se lhe reconhece. Os alertas sobre as formas actuais de treino dos jovens são pertinentes e devem ter a nossa atenção e discernimento.

Para que serve a formação? Para desenvolver o potencial que existe em cada um de nós. O que, desde logo, exige um ajustamento às condições etárias e morfológicas de cada um – igual ao que se passará ao longo do percurso escolar onde não é possível recriar na escola primária o universo universitário.

Como se pode preparar o futuro do rugby se ninguém lá foi para o descrever? Pouco se sabendo dele só é possível prever-lhe qualquer coisa das suas linhas de desenvolvimento, analisando e percebendo os seus jogos de melhor expressão. Detectando tendências.

Muito bem. Mas chegará? Conseguiremos com essa detecção proporcionar as ferramentas necessárias à total adaptação e eficácia ao jogo de que desconhecemos a expressão futura? Não será fácil garantir o sucesso do percurso.

Assim sendo, mais vale recorrer àquilo que admiramos nos melhores jogadores – a sua capacidade adaptativa – e formar jogadores capazes de se adaptarem às situações que o jogo futuro lhes colocará. Ou seja, compreendendo que são as características adaptativas ao jogo que é necessário desenvolver e de forma prioritária nos mais jovens – e não a cópia do jogo dos grandes através de exercícios que traduzam apenas os gestos técnicos fixados e impostos.

Desenvolvimento que deve perseguir o percurso dos jogadores porque, como lembra Pierre Villepreux: “acreditar que as capacidades adaptativas e as capacidades motoras que as acompanham estão adquiridas, é recusar impulsionar o potencial dos melhores para, em vez de possibilitar a compreensão do saber fazer, impor-lhes o que é preciso saber fazer”. O que faz uma enorme diferença.

Inversão de método, construção pela compreensão global, soma de experiências pela descoberta, é o objectivo de quem forma e ensina, possibilitando os instrumentos úteis para encarar as situações imprevisíveis do jogo.

Adaptação e criatividade, eis a formação para o futuro.

                                                                            Ao escrever passava na TV o Any Given Sunday de Oliver Stone com AlPacino e o melhor discurso da história dos balneários.


Nota: o texto foi acrescentado (4/10/2010) por não corresponder ao original - algo caiu do seu início na colocação no blogue.

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