sábado, 11 de dezembro de 2010

PORTUGAL EM NOVEMBRO (I)

Dos jogos de Novembro da selecção ficou-me travo amargo: o sentimento, a ideia, de que poderiam ser três vitórias ficou atravessada na realidade de duas derrotas.

Na aparência os adversários – todos eles mundialistas – não se mostraram melhores do que o XV de Portugal. Retirando a Namíbia – equipa que no final do mês escorregou para posição mais condizente com o que vale – os Estados Unidos e o Canadá não se mostraram superiores. E porque ganharam? Porque nós, Portugal, fomos inferiores: cometemos mais erros, fomos menos determinados e aproveitamos menos as oportunidades. Eles não –com a excepção do jogo dos grandes do Canadá que morreu em vinte minutos e apenas produziu dois ensaios.

A atitude portuguesa não foi de vencedores, de antes quebrar que torcer. Foi apenas de ver o que aconteceria, de espera, e – não poucas vezes – deixando que o individual se sobrepusesse ao interesse colectivo. Para agradar ao brilho – o que já não era recente…

Emigrante de 58 anos, Manuel Lopes, ex-três-quartos de clube francês e que acompanha Portugal nos jogos internacionais dizia-se desiludido: “Aquela méllée no final do jogo… tem que dar ensaio! Até na Federal 1 marcámos ensaio dali. Porque não marcar é um crime … contra a equipa! contra os jogadores! contra os adeptos! Contra o país!” Uma oportunidade de ouro deitada fora. E que – como lembrava o antigo treinador australiano Alan Jones – como as lanças atiradas, não tem segunda utilização. Enorme perdida, enorme desilusão. É verdade! A hipótese de uma excelente vitória morria na praia.

A sensação que tive foi a de ninguém quis assumir a responsabilidade, ninguém quis impor o seu olhar ao olhar dos outros e exigir: “O jogo é nosso! A vitória está aqui! Vamos a isto!”. E dali sair, colectivamente, o ensaio da vitória. Deixámos andar, um já ganho extemporâneo terá dominado os espíritos e imposto a desconcentração, o colectivo desfez-se e ficámos à espera que um individuo resolvesse o problema de todos. Que a sorte nos ajudasse em vez de exigirmos o “direito a ganhar”… que não cai do céu e se tem que ir buscar.

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