(continuação)
Na sequência do post anterior segue a sequência de pontos que, de acordo com o gráfico apresentado, representam debilidades mostradas pela equipa portuguesa nos jogos de Novembro:
- 3. Procura do chão no contacto – por incapacidade de manter a bola viva – seja por não haver garantias para um passe-em-carga ou por falta do gesto técnico de dar-as-costas no contacto, os jogadores portugueses tendem a ir para o chão ao primeiro contacto: entregando assim a vantagem à defesa que, para além de se poder reorganizar ainda se coloca em superioridade numérica. Entender o ruck, não como primeira prioridade mas apenas como razão limite para manter a posse da bola, é um passo importante para implementar o jogo de movimento que pode ampliar a eficácia do jogo, permitindo o recurso às melhores características dos jogadores portugueses. Aliás o que se exige na resolução destas situações de contacto resulta da compreensão da articulação entre a permanente necessidade de avançar e a de garantir a continuidade – avança-se até ao ponto em que não se perde a possibilidade de continuar o movimento. E, mais uma vez, falámos do colectivo e da sua compreensão.
- 4.Manter terreno nas costas do adversário – Principalmente em ataque, a equipa portuguesa tende a deixar terreno nas costas da defesa adversária: permitindo uma melhor organização e maior eficácia das cortinas defensivas e, ainda, obrigando a cobrir distâncias tais que só um excelente apoio e continuidade conseguem – como vemos nos All-Blacks ou, por vezes, nos Australianos – garantir a conquista do espaço para além da Linha de Vantagem. É também a conquista de posição territorial que permite surpreender as defesas com o lançamento de ataques então pouco habituais – preparada para defender o jogo de conquista territorial, as defesas deixarão espaços que possibilitarão a exploração atacante.
- 5.Lateralização do jogo – trata-se aqui do resultado daquilo que designo por “síndrome do sevens”. Habituados nos últimos anos ao maior espaço do sevens e ao jogo sem cortinas defensivas, os três-quartos portugueses tendem a lateralizar o jogo, correndo para fora e passando a bola sem fixar adversários… e a defesa de XV agradece porque passa a ter um aliado de monta: a linha lateral. A alteração deste procedimento é decisivo para o aproveitamento eficaz da maior consistência que o bloco de avançados tem dado provas. Se a melhor maneira de ultrapassar um muro é rodeá-lo, convém que não deixar que venha atrás…
- 6.Rapidez de saída da bola nos ruck – por mais que se tente evitá-lo - porque representa uma vitória da defesa - o ruck acontece e acontecerá nos jogos. Sendo uma vantagem para a defesa – dando-lhe tempo de reorganização e facilitando-lhe a superioridade numérica – a única maneira de o tornar numa arma atacante é garantir a velocidade de disponibilização da bola, colocando convenientemente a bola em situação de imediato uso – responsabilidade do portador - e evitando reciclagens.
- 7.Saídas de 3ª linha – se defensivamente a 3ª linha teve momentos de bom nível, de um ponto de vista atacante, foi muito fraca. Principalmente por falta de coordenação. Visto de fora a sensação era de que a saída se fazia sem ninguém saber – os olhos não viam, os corpos não falavam e as vozes não comandavam. O nº8 saía e raras vezes o 6 e o 7 formavam o losango que o 9 deveria complementar. E o mesmo se passa no domingo-a-domingo do campeonato nacional demonstrando treino pouco cuidado e incompreensão táctica.
- 8.Utilização do Lado Fechado – não é fácil defender o lado fechado: porque tem menos jogadores, embora também com menos espaço. Mas surpreende muitas vezes a defesa que, preocupada com o maior espaço, está lançada para o lado aberto e pode ser apanhada em contra-pé. A ideia que a perfuração central – por permitir dois lados atacantes – é mais desequilibradora das defesas não é absoluta. O lado fechado deixa enormes oportunidades em aberto quer nas situações ordenadas, quer nas espontâneas. A sua exploração, abrindo o leque de opções, aumenta a dúvida dos defensores.