domingo, 6 de fevereiro de 2011

GRANDE VITÓRIA

Uma vitória é uma vitória. E esta conseguida por Portugal sobre a Roménia é ainda melhor: é uma grande vitória – uma das poucas conseguidas nos últimos anos sobre adversário melhor qualificado no Ranking IRB (terceira em 23 jogos após o Mundial de 2007). Com esta vitória, Portugal passa para o 20º lugar da tabela, ultrapassando o Uruguai e ficando agora com 62,10 pontos. 
Um bom começo de ano.

Como foi também óptimo o começo do jogo – ainda os romenos não tinha tirado as dimensões ao campo e já estavam a perder por 10-0. Um atraso futebolístico para uma área sem guarda-redes provocado por uma pressão bem montada deu um ensaio ao oportuno Pedro Silva logo nos primeiros momentos e o mote para o que se iria ver. Um pontapé de 53 metros de Gardener garantia mais três pontos e fazia aumentar a confiança nas bancadas. A tarde prometia.

A distribuição ao pé de Gardener garantia uma boa ocupação de terreno e dava-nos abrigo nas costas; a defesa comportava-se em bom plano – quem tem Bardy tem muito. Duvidoso apenas a capacidade do 5-da-frente nas formações ordenadas. Aguilar marca novo ensaio e Frederico Oliveira dá nota do que sabemos dele e já tínhamos visto contra a Inglaterra – é um terrível finalizador (uma qualquer porta aberta basta mas seria bom que lhe ensinassem os movimentos surpresa que o rugby oferece) mas duvido que seja o criador que a selecção precisa como segundo centro. Ao intervalo a festa: 24-3 e a um passinho do ponto de bónus (novidade deste campeonato que se adianta ao 6 Nações).

Atitude – no movimento adequado de cada um; galhardia – no dar o corpo ao manifesto para parar os enormes romenos; valentia – exemplar num encontro aéreo entre o pequeno Pipoca e um brutamontes romeno. Tudo isto marcava a equipa portuguesa na primeira parte. Parafraseando em parte Stuart Barnes, a selecção portuguesa mostrava-se de raciocínio acutilante, rigorosa na execução e valorosa na acção.

O início da segunda parte também parecia assim lançado. Falta de hábitos competitivos para este nível, desconcentrações e ainda substituições que nada adiantaram permitiram o levantar de cabeça dos romenos – que não ganharam o jogo mas que nos fizeram perder dois pontos classificativos: o de bónus que não conseguimos e o de bónus que consentimos. Dir-se-á: mas ganhámos! Claro e uma vitória vale uma vitória! Mas deitámos fora uma enorme oportunidade de arrasar a Roménia e de nos posicionarmos claramente para jogar uma final com a Geórgia para conquistar o lugar que garante participação efectiva na janela internacional de Novembro.

A defesa esteve quase sempre bem – excepto no último ensaio sofrido – a garantir o conseguido pelo ataque que cumpriu melhor do que em jogos anteriores. Mas o recurso à passagem pelo chão para garantir a continuidade de posse e uso da bola, dando todas as vantagens à defesa, tem que ser revisto – a demora na reciclagem impede o aproveitamento do desequilíbrio criado e obriga a que tudo de reinicie. A que se acrescenta o facto do ataque à linha de vantagem, não sendo tão próximo quanto o possível e necessário, permitir que a defesa se readapte ao movimento atacante. Ou seja: passar pelo chão, demorar tempo na disponibilização da bola e jogar longe da linha de vantagem são factores que facilitam a vida dos defensores – o nível internacional exige mais. Como seja, e por outro lado, saber alterar a direcção dos movimentos – colocando dúvidas e desconfortos à defesa e evitando que se limite a correr para fora – para o que é necessário adaptar o posicionamento da linha em movimento de maneira a permitir o jogo para o interior em contra-pé (mais do que uma vez este recurso teria aberto auto-estradas na defesa romena…). Cada vez mais o nível internacional impõe a capacidade de decidir e executar no mínimo de espaço e de tempo – o treino e a formação têm que ter, cada vez mais, este aspecto em conta.

A arbitragem esteve bem. E para quem julgue que houve má interpretação no último ensaio romeno, cito, das leis em português publicadas em Agosto de 2008, a Lei 12 - TOQUE OU PASSE PARA DIANTE.”Definição. Toque para diante: Há toque para diante quando a bola segue para diante após um jogador ter perdido a sua posse ou, após um jogador a ter impulsionado ou batido com a mão ou braço, ou após ela ter batido na mão ou no braço de um jogador e ter tocado o solo ou outro jogador antes de ser controlada pelo mesmo jogador”.(sublinhado meu). Não houve portanto qualquer falta romena. O árbitro esteve bem. Pena, mas é assim.

Acabado o jogo e dada a forma como decorreu – mesmo com a recuperação romena – a pergunta não pode deixar de ser feita: o que vai fazer a Roménia ao Mundial? Questão que coloca outra e esta mais importante: porque é que nós, portugueses, não nos qualificamos para o Mundial da Nova Zelândia? Alguém se preocupou em analisar as razões – com os erros aprende-se, com o silêncio consente-se.

Gostei muito de ver os jogadores luso-descendentes que vestem a camisola do rugby de Portugal a cantar o Hino Nacional como se tivesse andado na nossa escola primária - eles gostam de estar connosco. Vê-se nas palavras que cantam.

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