sábado, 26 de fevereiro de 2011

RETIRAR PRESSÃO E JOGAR

Os jogos ganham-se no chão – diz-se. É portanto na capacidade de libertar rapidamente a bola ou de a recuperar depois de uma placagem e jogar de forma adequada ao posicionamento adversário que uma equipa garante a vitória. No Portugal-Geórgia pode estar aqui, nesta relação de forças, a chave para a percepção de quem ganhará. Equipas de algum equilíbrio – a Geórgia mesmo a jogar fora é, no entanto, a favorita – e que se conhecem razoavelmente, com capacidade de conquista das próprias bolas nas situações ordenadas, terão na gestão dos pormenores o traço da vitória.

Ganhando – o que será um excelente resultado – Portugal ficará com a possibilidade de conquistar a Taça Europeia das Nações e com a certeza que subirá – qualquer que seja o resultado Roménia-Rússia – pelo menos um lugar no ranking (ver quadro). Caso perca, Portugal manterá o actual vigésimo lugar – Uruguai e Namíbia não jogam, a diferença para a Espanha é grande e a classificação da Geórgia não penaliza demasiado a derrota (é esta uma das boas qualidades do ranking IRB que não trata os jogos da mesma maneira mas sim de acordo com as diferenças pontuais, não favorecendo vitórias óbvias nem desfavorecendo derrotas inevitáveis).

Distribuição de pontos IRB de acordo com os resultados
Com o bom tempo, o jogo de hoje pode ser um agradável espectáculo. Não será um jogo fácil para os portugueses que terão, nomeadamente em defesa, de articular bem o movimento colectivo, cortando espaços e impedindo o desenvolvimento do lançamento dos peso-pesados georgianos. Afastada pelas Leis do Jogo a dita placagem-à-portuguesa, o dois-em-um não tem vindo a funcionar mal – apenas levando tempo demais a colocar o adversário no chão e atrasando a eficácia defensiva.

Pelo que se sabe a Geórgia procura adaptar-se à main-stream do actual rugby internacional – não fugindo totalmente ainda ao jogo à volta do prato (zona um), já procura deslocar para as zonas centrais do meio-campo as suas zonas de penetração e contacto, procurando a posse da bola e o desenvolvimento de sequências por fases que, deslocando os movimentos de penetração, procuram provocar os desequilíbrios defensivos que favoreçam o movimento da bola e de jogadores – a equipa técnica irlandesa (com um australiano de permeio) não será estranha a esta preocupação.

Portugal pode ganhar? pode, mas essa possibilidade não deve tornar-se numa pressão suplementar. Fazer o seu jogo, correr os riscos necessários, explorar colectivamente as oportunidades, sem pressas, nem precipitações, manter a bola viva evitando contactos desnecessários e, no final, a vitória pode ser portuguesa.

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