quinta-feira, 9 de junho de 2011

SEVENS, ÉPOCA e JOGOS


HSBC SEVENS 2010/2011

Os resultados da selecção portuguesa de Sevens foram, esta época, muito fracos. Uma análise com atribuição de pontos até à Shield mostra Portugal com a pior prestação global dos países europeus que, connosco, procuram um lugar de acesso aos Jogos Olímpicos de 2016. Não é novidade que a entrada para os Jogos levaria ao crescimento das equipas dos países que têm, na cultura olímpica, a maior motivação para o desenvolvimento desportivo. Já o escrevi há tempos (ler aqui). E ainda faltam a Irlanda – concorrente garantida – a Itália e a Roménia.

A prenda, do acesso aos Jogos, dado aos países emergentes pela IRB não saiu muito bem – já também o escrevi (ler aqui). Porque parece terem esquecido a elementaridade das coisas: quem define os jogos é o Comité Olímpico Internacional; os exemplos de outras modalidades colectivas existem e os cinco anéis representam os cinco continentes. Ou então sabiam tudo isto e não o quiseram transmitir…

Para a eventual qualificação de Portugal existem problemas – como se estes não fossem poucos – que ultrapassam os resultados. Numa distribuição directa por continentes, Portugal terá uma enorme dificuldade de conseguir a qualificação – o máximo seriam três equipas se houvesse o impensável prejuízo da Oceânia onde residem as melhores equipas de Sevens.

E há ainda o problema do Grã-Bretanha: junta ou separada?

A Grã-Bretanha, aglutinando a Inglaterra, o País de Gales e a Escócia é o sócio do Comité Olímpico Internacional e assim se representa nos Jogos. Os sócios das Federações Internacionais são os países do Grã-Bretanha – e por isso assim se representam em campeonatos da Europa e do Mundo.

Até agora a Grã-Bretanha não tem estado representada em Jogos Olímpicos nas modalidades colectivas mas tal vai acontecer no London 2012. Autorizados pelas Federações Internacionais, a Grã-Bretanha apresentar-se-á nas modalidades colectivas com atletas seleccionados das home nations,  dos seus três países. As razões são óbvias – os Jogos realizam-se na cidade capital do Reino Unido.

Vai ser o mesmo para o Rio de Janeiro de 2016? Se fôr, se a IRB assim o autorizar, se os países assim o entenderem, há uma vantagem para os outros países europeus que pretendem garantir o acesso aos jogos. Mas o rugby olímpico perde impacto com a falta dos países britânicos e a rivalidade que provocam.

Por outro lado o pós-Londres pode encerrar um capítulo, um ciclo – chegámos até aqui, realizámos os Jogos, desenvolvemos o desporto interno, equilibrámos forças, está na hora de cada um voar sozinho. Nos tempos actuais esta posição tem força interna e não é de desprezar – o que, aumentando a quantidade e qualidade de adversários, significará dificuldades acrescidas para a qualificação portuguesa.

A tradição dos anéis olímpicos tende para a representação por continentes mas diversas modalidades desportivas, sem fugir à representação continental, apurando seis ou sete países – o organizador, o melhor de cada continente (5), o campeão do mundo – deixam cinco a seis lugares para a qualificação dos melhores restantes. Como acontece no voleibol, no basquetebol ou no andebol. O que melhoraria as hipóteses de equipas como Portugal.

Havendo um problema de número na Europa – mais pretendentes que lugares e havendo a possibilidade do apuramento continental de equipas mais fracas – os dirigentes portugueses deveriam procurar, numa estratégia conjunta com parceiros europeus que também pretendam possibilidades de acesso aos Jogos, convencer as autoridades rugbísticas e olímpicas à adaptação de modelos idênticos a outras modalidades, abrindo assim maiores possibilidades às hipóteses de qualificação dos países europeus. Não esquecendo, nessa preocupação, dois factores fundamentais que marcarão os próximos tempos: que acabou o bom tempo nos Sevens e que haverá o Mundial de XV em 2015 – imediatamente antes do Rio de Janeiro de 2016.

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