quarta-feira, 17 de agosto de 2011

GALES NO BOM CAMINHO

Boa vitória a de Gales no sábado sobre a Inglaterra – elevou o moral para o Mundial e ainda conquistou pontos para o ranking, aproximando-se da Irlanda e deixando a hipótese de troca de lugares entre ambos para o próximo fim-de-semana.

A vitória galesa recolocou os pontos fracos ingleses à vista de todos: procura da passagem pelo muro, esquecendo as portas num jogo programado, previsível e sem ponta de imaginação – como é que se tem tanta bola e não se mostra a mínima ideia de como a utilizar?  A Inglaterra continua como sempre e de cada vez que dúvida das suas capacidades de usar a bola: usa a força, procura passagens por todos os lados menos pelos que exigem um mínimo de criatividade e de risco.

Desta vez, pelo menos, o jogo inglês serviu para demonstrar que uma boa defesa se faz de um mau ataque – ter a bola tem que significar alguma vantagem competitiva, seja pela decisão desconhecida dos defensores, seja pela escolha do tempo de execução, seja pelas manobras que permite - se assim não for, para que serve a posse da bola? apenas para que, como se exige no Sevens, o adversário não a tenha? 

As defesas das grandes equipas são todas boas e suficientemente eficazes para se deixarem levar por encostos, tentativas de perfurações directas, incapacidades de jogar na frente, dentro e depois da defesa. É verdade, o reino de hoje das equipas que ganham pertence às capacidades do ataque – inteligência, criatividade, oportunismo conjugado, claro!, com o poder mínimo necessário para garantir a vantagem conseguida.

Mas esta Inglaterra vai ser muito mais perigosa no Mundial. Chegados aqui sem nada que lhes garanta coisa alguma, o retorno de Jonny Wilkinson, para a pretensão de vencer, parece uma necessidade óbvia com a junção da sua notável capacidade para criar problemas ao adversário através do jogo-ao-pé para, então sim – terreno conquistado e espaço de cobertura defensiva reduzido - impor a força directa que caracteriza a equipa. E os defensores irão, com Wilkinson, enfrentar um problema de posicionamento de difícil opção: como cobrir a área e subir em defesa? O que fará dos muros defensivos paredes de menor consistência.

Gales fez um jogo bastante interessante, aproximando-se daquilo que é o jogo de hoje – utilização da bola com um mínimo de criatividade e risco, combinações sobre a linha de vantagem, jogo rápido nos rucks a procurar aproveitar superioridades numéricas conseguidas – o ensaio, com uma finta-de-passe de Hook, foi o resultado natural desta estratégia. E se, nestas três semanas que faltam, os jogadores galeses conseguirem ganhar o tempo, a confiança e a capacidade de antecipar a leitura que lhes permita juntar o apoio necessário para jogar eficazmente dentro-da-defesa - como mostrou ser capaz numa excelente jogada aos 55 minutos - Gales pode surpreender no Mundial.

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