quinta-feira, 24 de agosto de 2017

UM JOGO DE SENHORAS MAS COM 338 PLACAGENS

No jogo das meias-finais do Campeonato do Mundo Feminino que se disputa na Irlanda entre os “quinze” da Inglaterra e da França - com um resultado de 20-3 favorável às inglesas - as jogadoras fizeram 338 tentativas de placagens (141 para a Inglaterra e 197 para a França) com uma taxa de sucesso de 86% - as inglesas fizeram 111 placagens efectivas e as francesas conseguiram 174. 
Este valor de 338 placagens é uma brutalidade, correspondendo a uma notável atitude competitiva e exigiu das jogadoras um enorme dispêndio de energias. Como comparação veja-se que no jogo entre os mesmos países mas em equipas masculinas e referente ao Seis Nações 2017 (19-16 favorável aos ingleses), os jogadores realizaram 260 tentativas de placagem com uma taxa de sucesso de 85%. Ou seja, menos 78 placagens correspondendo a quase uma placagem a menos por minuto. 

Notável a forma como as duas equipas se bateram e jogarem - cada uma no seu estilo - pela final do Mundial. Aliás a atribuição do prémio de "Melhor em Campo" à pilar inglesa, Sarah Bern - 17 placagens e um ensaio - demonstra à evidência o combate que o jogo foi.

No fundo, ganhou a equipa com mais experiência - a Inglaterra é ainda a campeã mundial e estava, no início da prova no 1º lugar do ranking da World Rugby. Com um jogo muito pragmático e apostado na conquista de terreno pelo poder físico das suas jogadoras a Inglaterra teve, no entanto, dificuldades que a diferença do resultado não demonstra. Com um 64% de domínio territorial e 59% de posse da bola e apesar das suas 98 ultrapassagens da Linha de Vantagem - a França só fez 74 - a Inglaterra só conseguiu 487 metros de transporte com 5 rupturas conseguidas contra 508 metros e 8 rupturas das francesas conseguidas com 10 off-loads. Como demonstração das dificuldades, uma série, já da 2ª parte, de 20 fases, bem próximo da linha de ensaio francesa, que apenas se traduziu nos 3 pontos de um pontapé de penalidade. A diferença de resultado fez-se no último segundo da partida com um erro monumental francês - na tentativa de jogar tudo por tudo - já dentro da sua área de ensaio.

Pesou às francesas a pressão de uma meia-final principalmente tratando-se de uma situação de repetição - é a sétima vez que ficam pelas meias-finais - que foi sempre negativa . De tal forma que cometeram uma parafernália de erros não forçados - foram simplesmente desastradas nos alinhamentos, houve inúmeros passes para o chão, imensas bolas não recepcionadas ou pontapés com pouco nexo - que lhes retiraram a possibilidade - e se as ocasiões foram criadas... - de chegar ao ensaio. Se no primeiro quarto dispuseram de 84% da posse e obrigaram as inglesas a realizar 51 placagens (as francesas apenas fizeram 5) viram-se, a partir daí, muitas vezes acantonadas na sua área e tiveram que lançar os seus ataques de muito longe aumentando assim os riscos e a defesa de cobertura inglesa, mostrando momentos de excelência, mostrou-se suficiente para as encomendas. Mas deixaram ver que têm um estilo - o clássico french-flair - capaz de atrair e que se mostrou suficientemente eficaz. Faltou-lhes traquejo...

No sábado, na final, um grande Inglaterra-Nova Zelândia num confronto de duas máquinas de jogar que vão obrigar a um final do dia agarrado à televisão. Depois de, claro!, logo pela manhã ver o Nova Zelândia-Austrália para o Rugby Championship 2017.

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