quinta-feira, 31 de agosto de 2017

VITÓRIA A FERROS CONTRARIA PREPARAÇÃO

Há cerca de 25 séculos, Sun Tzu definiu no seu Arte da Guerra que “um exército vitorioso ganha antes de ter deflagrado a batalha”. Ou seja, ensinou que a boa preparação do combate é um passo decisivo para chegar à vitória.

Sendo o Rugby um desporto colectivo de combate este ensinamento aplica-se-lhe com muito maior propriedade do que num desporto de bola para a frente à espera de um acaso feliz. 

A selecção portuguesa de sub20, presente no Rugby World U20 Trophy - no que pode ser considerado um 2º grupo do Mundial, isto é, o Mundial B - defrontou e venceu a equipa da casa, o Uruguai (20-18), no primeiro jogo do seu campeonato. E conseguiu-o à custa de uma excelente atitude dos seus jogadores e da coesão colectiva conseguida - pela repetição insistente das palavras que definem os conceitos, adivinho - pelos seus treinadores, fazendo - sob chuva constante e perturbadora - das tripas coração. Portanto, prepararam bem e antecipadamente o embate? Nada disso ! Muito longe disso!

Jogadores e treinadores não tiveram o mínimo de condições de preparação desta sua presença no Mundial B. Repete-se: não tiveram o mínimo de condições de preparação que acautelasse desportivamente esta sua presença no Mundial B de Sub 20. E no entanto ganharam... Sim, mas deve perguntar-se: como teria sido o jogo se tivesse havido a adequada preparação? E como seria o próximo?

Porque houve incúria, incompetência, desleixo? Sei lá! Mas inconcebível irresponsabilidade dos responsáveis federativos, essa houve garantidamente. 

Tão garantida como a não presença de dirigentes qualificados no aeroporto a, pelo menos, desejar a uma das suas selecções representativas que tudo, apesar de todas as dificuldades, diriam, corresse pelo melhor; ou como a aceitação federativa de uma verba de 1400 euros conseguida pelos membros da Confraria do Rugby - cada um terá oferecido uma parte do quinhão - a deixarem ficar a ideia que o deslocamento ao Mundial B seria idêntico a uma deslocação de final de curso na companhia dos professores...e não uma participação desportiva de alto rendimento.

Preparação?! Para um campeonato cujos resultados marcam na imagem do rugby português ao nível internacional que, dado o péssimo final de época da principal equipa representativa, bem preciso anda de algo que lhe garanta a vida e o futuro... a preparação esteve ao nível zero.

Voltando ao jogo.

Se houvesse preparação adequada a formação-ordenada portuguesa não teria sofrido como sofreu, recuando perante o empurrão adversário - nitidamente aos portugueses faltou a coesão que só o tempo de treino e de competição garantem. E teriam conseguido uma maior capacidade de conquista nos alinhamentos. Como também, as apropriadas saídas de Nº8, poderiam ter um superior nível de êxito com desequilíbrio da defesa adversária se tivessem existido condições para que a articulação 8-9-6-7 tivesse as rotinas necessárias para garantir a continuidade da circulação da bola. Ou que a linha dos três-quartos tivesse as condições físico-mentais e tácticas - a confiança necessária de uns nos outros que só o tempo conjunto garante - para no último quarto do jogo continuar a subir defensivamente - em vez de esperar - com a rapidez  pressionante que obrigaria a erros adversários. Ou mesmo e voltamos a falar de confiança que o tempo tráz, que os ataques da linha de três-quartos se fizessem mais próximos da linha de vantagem para não dar tempo d eemenda à defesa adversária. E se houvesse a preparação adequada não haveria, muito provavelmente, a indisciplina que trouxe - essencialmente motivada pela falta de hábito a situações idênticas de luta por cada centímetro de terreno e ponto de resultado - dois cartões amarelos que fizeram 20 minutos finais de aflição cardíaca permanente.

Valeu a atitude de antes quebrar que torcer que levou a que cada confronto defensivo se transformasse na placagem da vida de cada um. Valeu a coragem, a determinação e o orgulho na camisola para ultrapassar a falta de condições.

Um já está! como me dizia o treinador principal Luís Pissarra. Foquemo-nos no próximo - contra Hong-Kong - para garantir o acesso à fase das eliminatórias. 

Que a sorte dos deuses - já que não houve deuses para a preparação - esteja convosco...

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