domingo, 18 de agosto de 2019

GALES EM PRIMEIRO NO RANKING


O País de Gales encontra-se pela primeira vez do seu historial no primeiro lugar do ranking da Workd Rugby, destronando 10 anos da Nova Zelândia! O que, a um mês do Mundial, trará aos galeses um acrescento importante de confiança. Aumentando sonhos...
Dado o facto da Nova Zelândia ter vencido por ampla margem, pode perguntar-se: como foi possível ter havido troca de lugar?

Esta troca de posições resulta do conceito do ranking da World Rugby que está estruturado de forma a valorizar o equilíbrio competitivo, ampliando o valor de ganhos e perdas de pontos em disputa inversamente proporcional à diferença pontual do ranking que, resultante do seu passado competitivo, pretende escalonar mundialmente as equipas. Preocupação tal que, depois de considerado o factor “casa”, define que uma diferença de 10 ou mais pontos no factor de avaliação, não permitirá, por vitória da equipa melhor qualificada, qualquer soma ou diminuição de pontos de ranking a ambas as equipas. Assim, quanto mais próximos estiverem as duas equipas na diferença de pontos de ranking, maior será o valor dos pontos de ranking em disputa a somar e a diminuir a vencedores e vencidos. A que se acrescenta ainda o factor quantitativo do resultado estabelecido em três níveis de diferença de resultado: diferença superior a 15 pontos de jogo, diferença de 15 pontos de jogo ou inferior ou empate. Naturalmente que a vitória da equipa tida por mais fraca pelo seu posicionamento no ranking, terá um factor de valorização do seu feito superior e que lhe permitirá recuperar posições   — se, por exemplo, a Inglaterra vencesse em Cardiff atingiria os 88,80 (+1,46) pontos de ranking e ficaria posicionada na segunda posição do ranking.

Neste caso e para efeito do cálculo, o factor de avaliação (factor casa mais diferença de pontos de ranking) entre a Nova Zelândia (1.º) e a Austrália (6.º) é de 7,63 e tendo sido a vitória por margem superior a 15 pontos de jogo, os pontos de ranking calculados para somar ao vencedor e diminuir ao vencido têm o valor de 0,35. Dada uma maior proximidade entre Gales (2.º) e a Inglaterra (4.º) e sendo o factor de avaliação de 4,55 correspondeu, pelo resultado diferenciado de 7 pontos de jogo, a um superior 0,55 de pontos de ranking que permitiu fazer a diferença e a consequente troca posicional [no caso do França-Escócia, dada a proximidade de posicionamento no ranking e pelo resultado com diferença 29 pontos de jogo, o valor de pontos de ranking em disputa foi de 1,16].

Portanto o maior e menor potencial de equilíbrio competitivo entre adversários e a pequena margem que separava galeses de neozelandeses (0,15 pontos de ranking) possibilitaram a histórica alteração.


Em Cardiff, Gales mostrou-se mais capaz do que na semana anterior em Twickenham, mas ainda lhe falta a capacidade de reciclagem rápida da bola para poder combinar ataques próximos aos reagrupamentos com um mínimo de criatividade para surpreender as alinhadas defesas. Mas demonstrou ainda que o conceito inglês de sobrepor em permanência a colisão  — Nuno Álvares Pereira definia que, pelo contrário, no combate deve prevalecer a manobra sobre a choque —  à manobra, não é factor de vitória certa. Porque não surpreendente e, assim, torna-se defensável. E porque no rugby, a mera força não é o factor decisivo e de novo, os ingleses mostraram a sua pouca capacidade criativa para ultrapassar defesas organizadas.

No jogo, um pseudo caso: o ponta inglês Anthony Watson fez, enquanto último homem da linha defensiva, um “toque-para-diante” para evitar que  um passe resultasse  a superioridade numérica galesa que os levaria, muito provavelmente, ao ensaio ou, no mínimo a uma boa conquista de terreno, e foi castigado com uma penalidade e um “amarelo”. Que não foi propositado, que não foi intencional, que etc. e tal. O costume, a consequência, o prejuízo galês resultante deste gesto não conta. Esquecendo que um toque-para-diante que prejudique objectivamente o adversário constitui jogo desleal numa evidente falta de desportivismo. E deve ter como castigo o entendido na lei como equilíbrador do prejuízo causado — se fosse próximo da linha de 5 metros o castigo, na jogada em causa, deveria ser ensaio de penalidade. Porque o rugby é um jogo para cavalheiros de qualquer classe mas nunca para maus desportistas, sejam de que classe forem. (Rt Reverend W J Casey, 1864). Portanto, um espaço de ética onde a futeboleira falta inteligente não é admissível.

Em Auckland, no mítico Eden Park, os neozelandeses, pode escrever-se assim, ao chamarem à colação a versão haka dos grandes dias, vestiram o smoking e não deram hipóteses à Austrália, recorrendo a uma elevada intensidade de jogo e a uma alta qualidade de jogo-ao-pé, a uma pressão defensiva asfixiante e a uma substancial melhoria da sua formação-ordenada (com a curiosidade da troca posicional atacante entre Read e Savea) para dar toda a razão a Beauden Barrett que afirmava que apenas precisariam de 50% de posse da bola para que o click! desta nova linha de três-quartos (novos que marcarem 3 ensaios) marcassem os ensaios — e foram 5 — para continuar fiéis depositários da Bledisloe Cup.

Em Nice, os franceses mostraram que aquilo que se conta da animação Galthié e dos novos processos de treino parece estar no bom caminho — já há muito que não se via esta expressão de rugby de movimento — onde é o movimento da bola que comanda o movimento dos jogadores — numa selecção francesa. Veremos se a continuidade amplia a fluidez e colocará a equipa do galo — o símbolo é evidente nas novas camisolas usadas — no pequeno lote dos candidatos. Para já dois jogadores prendem os olhares dos adeptos: o formação Antoine Dupont e o ponta Damian Penaud, ambos com 22 anos.

Em outros dois jogos de preparação, em Pretória a quase surpresa pelo resultado de 24-18 da África
do Sul sobre a Argentina e em Itália um 85-15 sobre a Rússia de onde não resultaram quaisquer pontos de ranking pela diferença de posicionamento mas que foi bem demonstrativo da diferença entre a European Championship e o 6 Nations.

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