sexta-feira, 16 de agosto de 2019

BLEDISLOE CUP E PREPARAÇÕES

Terminado o Rugby Championship com a vitória da África do Sul, continuam as preparações para o Mundial — só faltam 34 dias. Dos três jogos que considerei competitivamente mais interessantes e de  acordo com os pontos de ranking da World Rugby, vencem as equipas que jogam em casa. Mas nos dois jogos que repetem o fim-de-semana passado existe a particularidade de, se a Nova Zelândia for derrotada (em casa?!), o vencedor do Gales-Inglaterra ocupará o 1.º lugar do referido ranking. Na estreia de franceses e escoceses apenas estará em jogo, para além da confiança futura e da análise do respectivo momento de forma, o sétimo lugar do ranking.

Derrotados na semana passada, Gales e Nova Zelândia “não podem” perder. A França, esperançada no efeito Galthié e se pretende continuar a dizer-se candidata, também não pode. E os prognósticos apontam para o sossego dos três visitados. Veremos...

No campo da Nova Zelândia — com cinco alterações e que, enquanto actual detentora da Bledisloe Cup, apenas precisa de vencer o jogo para manter o troféu — o optimismo e confiança são grandes. Ao ponto do agora defesa Beauden Barrett afirmar que, para ganhar a Bledisloe Cup, chegam, aos AllBlacks, 50% de posse da bola. Confirmando que o seu entendimento com Richie Mo’unga — para tirar o melhor partido do uso de dois play-makers — está cada vez melhor (tiveram, nesta última semana, a ajuda de Dan Carter) e entende que a capacidade criativa e a eficácia desta nova composição das linhas atrasadas AllBlacks, está já em nível muito elevado e garantirá a marcação suficiente de ensaios para chegar à vitória. Lembrando ainda que marcaram, em Perth, dois ensaios quando se encontravam em inferioridade numérica...

A Austrália, que teve na estratégia de jogo do seu formação Nic White — o que ele aprendeu a jogar em França (Montpellier) e em Inglaterra (Exeter Chiefs)... — a principal base para a criação das dificuldades dos AllBlacks, procurará nova vitória que lhe dará uma moral de ferro para o Mundial. Tendo utilizado muito pouco de jogo-ao-pé no primeiro jogo, será provável que no Eden Park, quer para explorar o novo três-de-trás neozelandês quer por razões de segurança defensiva, estejam mais preocupados —  com a conquista de terreno e recorram bastante mais ao pontapé através dos seus médios que apenas chutaram, no primeiro jogo e em jogo, quatro vezes (e todas pelo formação). O jogo australiano baseia-se na posse da bola para realizar um elevado número de fases, acantonando defensores e criando os desequilíbrios exploráveis. Para serem contrariados é necessário que a defesa adversária suba muito rápido e esteja suficientemente organizada para impedir o transporte da bola aos lançados apoiantes. Avisados, os neozelandeses não se deixarão surpreender e teremos um interessante jogo em perspectiva.

Depois de uma pesada derrota com uma fraca demonstração das capacidades exibidas no último 6 Nações, a equipa do País de Gales terá agora a oportunidade para se redimir. O estádio de Cardiff vai ter o tecto fechado e o apoio dos galeses vai ser ensurdecedor. Saiba a equipa aproveitá-lo para cometer menos erros defensivos e ser capaz de verticalizar o seu ataque baseando-se na velocidade de reciclagem e de entrega de bola nos rucks. Para fazer de cada bola conquistada um arma de vitória e não deixando nunca que o enorme e pesado bloco de avançados ingleses se organize numa força conquistadora. Cardiff merece uma festa e o Nº2 mundial e vencedor do Grand Slam não pode deixar os seus créditos perdidos na relva. A Inglaterra é o que se sabe pela voz do seu treinador Eddie Jones: queremos ganhar o Mundial!

Da França e por aquilo que se conhece dos seus treinos, espera-se um jogo de movimento em que a capacidade de apoio dos avançados terá um papel determinante. Pelo hexágono rugbístico não passa pela cabeça de ninguém que os franceses não farão um Mundial de alto nível. A preparação tem sido cuidada e os jogadores têm sido sujeitos a treinos onde a intensidade tem sido a pedra de toque de todos os movimentos. É que, apesar de todos os erros organizativos que têm marcado o rugby francês nos últimos anos, a esperança nunca morre e a Escócia pode servir para uma boa demonstração do acerto do novo caminho.

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