COMPARAÇÃO DAS PREVISÕES E RESULTADOS FINAIS DA
1.ªJORNADA DO MUNDIAL 2019 DO “XVCONTRAXV”
Em termos de vencedores os resultados foram de acordo com o previsto embora a Argentina tivesse tido a possibilidade de criar uma surpresa vencendo a França que conseguiu a vitória pela mínima diferença de dois pontos com um pontapé-de-ressalto de Camille Lopez e com o falhanço de uma penalidade de Emiliano Boffelli aos 79’ que poderia voltar a colocar os argentinos na frente do resultado. Mas a França que, com uma equipa com bastantes jovens, começou muito bem fazendo jus ao conceito “se é bom tem idade suficiente” recebendo até elogios de Brian O’Driscoll a mostrar-se surpreendido com um “há anos que já não via a França a jogar assim” — levando a Argentina a um fraco 76% de eficácia na placagem — mas que a sua desleixada disciplina — 14 penalidades — quase borrava toda a pintura. Com o caminho aberto para os quartos-de-final, a vitória da França deixa à Argentina um dificílimo problema a resolver para não fazer as malas no final dos jogos de grupo: vencer a candidata Inglaterra.
A Nova Zelândia, num excelente jogo de combate permanente, venceu o arqui-rival África do Sul com uma demonstração de capacidade e qualidade do seu rugby e dos seus jogadores — provavelmente será a equipa com maior número de jogadores de classe mundial — que lhe permitiu fazer a diferença mesmo com menos domínio territorial e menor posse de bola. Mas com maior acerto na utilização e na capacidade defensiva traduzida em 82% de eficácia de placagens (contra 76% dos springboks). Aliás os AllBlacks têm a qualidade de serem a equipa que melhor faz e por mais vezes enquanto que a África do Sul em processo de adaptação a um jogo de mais movimento e menos colisão ainda regride para o seu clássico modelo-de-jogo sempre que sujeita a pressão como aquela que os AllBlacks lhe impuseram e que impediu Cheslin Kolbe (1,71m/78kg), ponta do Stade Toulousain desde 2017 e que, pelas suas notáveis capacidades atacantes, pode vir a ser uma das figuras notáveis deste Mundial, de ser convenientemente utilizado. E a exploração dos pontos fracos dos sul-africanos com recurso ao jogo-ao-pé ofensivo, fez o resto do domínio. De tal maneira que Rassie Eramus, treinador sul-africano, reconheceu no final do jogo: “A Nova Zelândia mereceu ganhar e são definitivamente os favoritos para ganhar a World Cup”.
O Irlanda-Escócia que deveria ser um jogo competitivo não mostrou mais do que uma sofrível Escócia que foi, ao contrário das outras equipas nesta primeira fase, incapaz de marcar um ensaio, deixando pela amostra a dúvida: será que os escoceses irão conseguir a qualificação para os quartos-de-final? Teremos a resposta a 13 de Outubro com o Japão-Escócia.
Embora com demasiadas “Warren Balls” na 2.ª parte — provavelmente para não mostrar mais a futuros adversários mas deixando claro que têm alternativas à amostra do seu jogo envolvente — Gales, contra a equipa, Geórgia, que o rugby português quer ver qualificada directamente (3.º lugar no Grupo) para o Mundial de França 2023, mostrou uma capacidade criativa de combinações interessantes que há muito não exibia. E mostrou também o retorno de Jonathan Davies que andava muito afastado do melhor jogador da última digressão dos British and Irish Lions. E uma nota parece dever retirar-se: Steven Jones, o treinador escolhido pelos jogadores mais conceituados para substituir o apostador Rob Howell, pode já estar a deixar a sua marca de um jogo mais desinibido e mais criador de espaços no jogo atacante galês.
A Inglaterra, a Itália e a Austrália tiveram as vitórias esperadas, todas sem grandes dificuldades.