Com uma “standing ovation” na despedida da sua selecção em jogos em casa do formidável Rory Best — homem da Irlanda do Norte que não sabe, como todos os seus companheiros, o que encontrará no seu país, na volta do Japão, depois do cenário Monty Python montado pela senhora May e senhor Jonhson acrescentado pelas mentiras das redes sociais — a Irlanda vai chegar ao Mundial colocada na primeira posição do ranking mundial.
A vitória da Irlanda é justificada apesar da excelente entrada galesa — 52% de posse de bola e ocupação territorial. No entanto a esta entrada de dragão — que chegou a impôr uma vantagem estatística brutal mas incapaz de traduzir esse domínio em pontos— correspondeu uma 2.ª parte de muito má demonstração de capacidades, nomeadamente de condição física, ao ceder aos irlandeses 78% de posse da bola e 85% de ocupação territorial. E se Gales, que desce ao 5.º lugar, melhorou na formação-ordenada, a sua utilização de bola foi desastrosa — com excepção do ângulo de corrida do ensaio de Hadleigh Parkes que se espera possa servir de lição. Nomeadamente nos três-quartos — que se passa com o centro Jonathan Davies? — onde ninguém encontrou a fácil solução da “dobra” para contrariar a defesa “em cunha” irlandesa. De tudo o mais, apenas um facto relevante: Dan Biggar depois de uma excelente intercepção (mas poderia ter passado a bola a North) e numa absoluta demonstração de espírito desportivo, disse ao árbitro, substituindo-se ao TMO, que não tinha marcado ensaio. Bonito, decente e sério!
Esta fraca demonstração galesa a tão poucos dias do início do Mundial pode significar que Gales não se apresenta como candidato não se mostrando capaz de traduzir a sua prestação num mínimo de presença nas meias-finais? Em princípio, não! Porque pode — acredito que sim — apenas tratar-se do facto de, à distância temporal adequada, terem tido uma carga de treino — “vergando a mola” — muito elevada com alta intensidade nas últimas duas, três semanas para, quando libertos e baixando o nível de entrega física, se apresentem na melhor condição em cima da competição, principalmente quando do jogo com a Austrália. A ver... mas o pior parece ser a dificuldade de mais do que um “abertura” em condições de alto nível de rendimento.
O Japão que em 2015 criou a enorme surpresa de vencer por 34-32 a África do Sul foi, desta vez, cilindrado por uma diferença de 34 pontos. Mostrando aos mais distraídos que os sul-africanos, tendo alterado em muito o seu conceito de jogo de colisão, são potenciais candidatos ao título — e o jogo de 21 de Setembro com os AllBlacks, embora em nada decisivo, já está a criar enormes expectativas.
A Geórgia, nosso adversário directo na aposta estratégica de Patrice Lagisquet de colocar Portugal no Mundial de 2023, limitou-se, de novo contra a Escócia, a mostrar a distância a que se encontra das cinco melhores equipas europeias. No entanto e pelo sim, pelo não, deveremos, neste Mundial, sermos todos georgianos — a ver se, mais uma vez, se apurarão directamente, deixando o caminho português mais fácil.
Nós, Portugal, sentados em casa e com a época ainda por iniciar, subimos um lugar (21º) na tabela do ranking mundial com a derrota do Canadá a traduzir a única vantagem de jogar contra equipas de baixíssima categoria que permitiram as vitórias pontuáveis. Mas, estejamos atentos: em Novembro e no início de um percurso de quatros anos de difícil mas possível êxito que exigirá de jogadores e clubes uma particular e empenhada atitude, estaremos na América do Sul para jogar com o Brasil e Chile. E aí começaremos nós... porque o Mundial, fechadas agora todas as contas da preparação, começara, dentro de 11 dias, a valer.