segunda-feira, 25 de novembro de 2019

THIS IS WHY WE LOVE RUGBY


“O Rugby é um jogo para pessoas bem-educadas de qualquer classe mas nunca para maus desportistas sejam de que classe forem”, 1894, da autoria do Rt Reverendo WJ Casey, antigo bispo de Bloemfontein e membro dos Barbarians e adoptado como lema do Barbarian Football Clube
(tradução actualizada)

domingo, 17 de novembro de 2019

PORTUGAL CUMPRIU


O XV de Portugal fez, de acordo com a história das duas equipas e com um resultado com a diferença de pontos que o posicionamento do ranking indica, o que lhe competia: venceu!

O maior problema do jogo foi a ignorância do amadoríssimo cameraman chileno que, não percebendo nada do jogo, nunca conseguia mostrar imagens que nos permitissem perceber o que se passava para além do (às vezes suposto) portador da bola.

Com este resultado Portugal vai apresentar-se no designado 6 Nações B — o Rugby Championship — numa posição e com pontos superiores à Bélgica — o adversário a derrotar neste retorno para garantir a permanência. O que deverá dar boas perspectivas e permitir que o tempo ajude.

Porque o que falta, para já e mais do que tudo, a esta equipa é jogo. Isto é, jogar! Jogar para que a adaptação colectiva seja mais coesa e globalmente mais rápida. E aos seus jogadores falta um campeonato mais exigente que lhes permita tornar num só momento a sequência leitura-decisão-execução. O nível internacional não se compadece com aproximações, vive de momentos que se transformados em oportunidades não podem ser desperdiçados e o domínio desta sequência sem hesitação ou demora, deve tornar-se um hábito. E isso exige experiência.

Experiência que tem um laboratório em cada jogo que se disputa ajudado por cada treino que se faz.

Devemos todos perceber que sem resultados internacionais não há desenvolvimento nem consolidação da modalidade — porque sem uma boa imagem competitiva não há patrocinadores, apoios ou a melhoria da qualidade do que nos envolve. E a construção das condições necessárias para que os jogadores possam expressar as suas capacidades num caminho de excelência — o desporto de rendimento é disso que trata — depende dos clubes e dos treinadores que escolhem para comandar as suas equipas. E tudo isto depende da capacidade de criação de um sentimento de pertença no rugby português. Que tem na preocupação pelo resultado a sua tradução.

Estes dois jogos da digressão à América Latina expuseram os jogadores e mostraram as qualidades e possibilidades de cada um — de uns mais do que outros, naturalmente. O seu futuro, para além de depender deles próprios, depende daquilo que queiramos fazer do rugby em Portugal.

E não se pode perder tempo — porque os adversários não o estão a perder. E os sonhos, sabe-se, podem morrer na distracção.

sexta-feira, 15 de novembro de 2019

CHILE-PORTUGAL. PROVAR O FAVORITISMO


Apesar da perda de 1,5 pontos e de duas posições no ranking pela derrota contra o Brasil, Portugal, pela sua história competitiva, mantém-se como favorito — desta vez pela positiva diferença de 5 pontos — para o jogo com o Chile que ocupa a 29ª posição no ranking mundial (6 posições abaixo de Portugal).

O Chile ocupou, no final do Americas Champioship, o último lugar da competição não tendo conseguido qualquer vitória na época que agora terminam. Mas o melhor resultado conseguido pelos chilenos, para além da derrota contra o Brasil por 5 pontos, foi o mais recente num jogo-teste contra os espanhóis e que perderam por 29-22.

Os 19% de quota de pontos marcados nos jogos efectuados pelos chilenos também demonstram a sua dificuldade para marcarem pontos, ou seja, para imporem domínio sobre os seus adversários. Assim sendo, o XV português tem boas condições para garantir a vitória — os quatro ensaios marcados ao Brasil ajudam a pensar assim. Amanhã saberemos.

XV de Portugal para o jogo contra o Chile - FPR

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

RUGBY DE ESPÍRITO DESPORTIVO

Integridade-Paixão-Solidariedade-Disciplina-Respeito


O Rugby gosta de se dizer diferente. E é-o porque, sendo um jogo colectivo de combate, exige comportamentos que garantam a constante permanência do espírito desportivo que incorpora os valores que a World Rugby estabeleceu como inerentes à modalidade. Este vídeo da Fox é demonstração desse comportamento e da prática desses valores.
Sport has the power to change the world, the power to inspire, the power to unite people in a way that little else can” Nelson Mandela, Rugby World Cup, 1955

domingo, 10 de novembro de 2019

PORTUGAL E SPORTING FEMININO

O passado das equipas dava a vitória de Portugal por 1 ponto de diferença, perdeu por dois pontos (26-24) e teve no último segundo da partida a possibilidade da vitória num dificílimo pontapé de penalidade à enorme distância de quase 50 metros. A necessária sorte para este pontapé ficou-se pela esperança do voo que não se torceu e o jogo terminou ali.

Primeiro jogo internacional da época para Portugal e último para o Brasil, esta jovem equipa portuguesa teve, como seria esperado, grandes dificuldades na formação-ordenada a que juntou 3 cartões amarelos — 37,5% de tempo do jogo com 14 unidades — que não foram mais do que ouro dado ao adversário, hipotecando claramente as hipóteses portuguesas. Que foram algumas mas a habitual inadaptação disciplinar dos jogadores portugueses à arbitragem internacional, impediu uma maior eficácia na utilização das bolas disponíveis,

Pontos interessantes? Um ou outro momento defensivo de boa adaptação e organização  — “scramble defense”— aos movimentos adversários. Mas ainda falta experiência e coesão a esta equipa para poder garantir, no primeiro quarto do próximo ano, os pontos necessários à absolutamente necessária manutenção no segundo grupo europeu. Mas gostei de ver alguns princípios conceptuais da equipa. Veremos o seu desenvolvimento.

Com esta derrota Portugal perde 1,05 pontos e desce assim dois lugares no ranking sendo ultrapassado pelos mundialistas Canadá e Namíbia.

Nos sevens de Elche a equipa portuguesa não conseguiu melhor do que cinco derrotas, classificando-se no 12º e último lugar e mostrando deficiências técnico-tácticas, como placagens em que o ombro não é determinante ou incapacidade de fixação da defesa deslizante.

Bem vistas as duas prestações portuguesas permitem uma boa análise crítica à actualidade das capacidades dos jogadores portugueses e podem ser base das transformações necessárias nas melhores equipas portuguesas. Porque se a nossa visão rugbística não se estabelecer no equilíbrio do nível internacional, os sonhos não passarão de fogachos nebulosos.

SPORTING FEMININO BI-CAMPEÃO IBÉRICO


A equipa feminina de XV do Sporting conquistou a segunda Taça Ibérica consecutiva, vencendo as campeãs espanholas de 2018/19, as CRAT da Corunha, por 16-12. Lembre-se, valorizando ainda mais 
a vitória sportinguista, que o campeonato espanhol é jogado com equipas de quinze enquanto que em Portugal a competição feminina divide-se pelos Sevens e Tens, dificultando em muito a necessária adaptação e organização colectivas. E como mostram os resultados a atitude, perseverança e o espírito de equipa são notáveis neste grupo. Parabéns!

Com estas duas vitórias contra as campeãs espanholas é altura de procurar uma reorganização do rugby feminino em Portugal para proporcionar a participação nas competições internacionais de XV. 

sexta-feira, 8 de novembro de 2019

BRASIL-PORTUGAL, JOGO TESTE

De acordo com a pontuação do ranking da World Rugby que estabelece a qualidade do passado das equipas na sua relação com os adversários que defrontou, Portugal ganhará em S. Paulo, contra o Brasil, por 1 ponto de diferença.
Nos resultados recentes o XV de Portugal tem uma margem de sucesso 86% — só perdeu na época passada, embora em casa, com a mundialista Namíbia. Mas fora a vitória contra a Alemanha e que nos garantiu a subida ao 6Nações B, as outras vitórias foram obtidas perante equipas de muito fraca qualidade — o resultado contra a República Checa e numa enorme dificuldade de contagem sem um papel de notas, foi de 93-0.

Com a nossa estada na 3.ª divisão europeia habituámo-nos a vitórias fáceis num prejuízo crescente — como mostraram as derrotas nos anteriores jogos de qualificação — que quase nos ia traindo contra uma Alemanha cujo rugby está longe de poder ser considerado de nível razoável. A actual selecção portuguesa da responsabilidade de Patrice Lagisquet é muito jovem — muitos dos jogadores são recém-chegados dos Sub-20 — e não tem a coesão suficiente que só o jogar conjuntamente proporciona, para encarar a pressão de um jogo-teste com tranquilidade. O que significará que a equipa enfrentará enormes dificuldades para conseguir a vitória que o seu passado prenuncia.
Os resultados do Brasil, por isso perdendo pontos de ranking, foram conseguidos contra equipas mais capazes, terminando a época a jogar, embora derrotado, contra a Espanha e a Roménia.

E lembro-me, para agravar as coisas, da demonstração de técnica e coesão da formação-ordenada brasileira contra os Maori AllBlacks — um caso... e nada fácil de conter.
A ver...(ou a esperar mensagens para ficar a saber).



Para saber a equipa que jogará — mas nada sabendo dos convocados José Rodrigues e Manuel Cardoso Pinto, foi necessário ir à moda das redes sociais — no site, instrumento oficial de comunicação e obrigatório por lei, nada. E nem o exemplo do recente Mundial — onde se podia saber o perfil (posição, peso e altura e, com alguns mais cliques no teclado, o número de internacionalizações a representar o peso da experiência) de mais de 600 jogadores — terá servido para se perceber como comunicar de forma atractiva e a permitir transformar informação em conhecimento e assim interessar adeptos, possíveis adeptos e meios de comunicação social. Dando, como deve ser feito, expressão social ao rugby português. Que não deveria entrar coxo — em qualquer das suas partes — neste primeiro passo da pretendida caminhada para 2023


quinta-feira, 7 de novembro de 2019

QUALIDADE VENCE A QUANTIDADE

Como se costuma dizer e apesar das mesmas regras, das mesmas dimensões de campo, de idêntica bola e praticamente com os mesmos jogadores, não há, por mais que exista um modelo ou padrão identitário, dois jogos iguais — que o diga a Inglaterra que se mostrou dominadora contra os AllBlacks e, uma semana depois, se viu dominada pela África do Sul.
E a Inglaterra foi dominada não porque — como por aí se vai facilitando — o poderio físico dos sul-africanos era muito superior e, por isso, determinaram as regras nas fases estáticas, pressionando barbaridades e alargando o campo para obrigar ao cansativo desdobramento defensivo inglês.
No entanto... veja-se o quadro da compacticidade dos jogadores — essa espécie de densidade, distribuindo peso pela altura do corpo de cada um dos intervenientes — e verificar-se-à a relação entre ambos os blocos.
E não há dúvida, a compacticidade média dos jogadores avançados que jogaram a final é favorável aos ingleses, apresentando mesmo jogadores com um nível de constituição física superior. De facto o bloco de avançados inglês inicial — os 8 jogadores de entrada — é o mais pesado e também mais baixo — embora com um saltador de 2,04m mas que explicará as dificuldades — das equipas que jogaram as meias-finais.

A superior altura colectiva dos alinhamentos aumenta em muito, pela soma das diferenças, a vantagem da captação da bola 
Mas se essa composição chegou para a Nova Zelândia, porque não chegou para a África do Sul?
Principalmente porque a formação-ordenada não é uma questão de peso bruto mas sim de técnica — veja-se o movimento dos pés dos pilares sul-africanos — e de coordenação e coesão simultâneos de todos os membros do bloco — veja-se a diferença de posição corporal dos segundas-linhas sul-africanos comparativamente à posição dos ingleses. E terá sido isto — um superior saber formar e transformar o conjunto de indivíduos num grupo coeso e determinado — que possibilitou o domínio provocador de faltas — e foram seis! E para além da superior capacidade técnica existiu um factor estratégico que pode ter sido, foi com certeza!, determinante: o cinco-da-frente sul-africano, por ter jogado no conjunto do campeonato menos minutos de jogo por fazer substituições mais cedo — no propósito de agregação de ganhos marginais — manteve uma frescura mais duradoira com a consequente superior eficácia.

No final deste Mundial e analisando os valores de início e finais do ranking da World Rugby pode perceber-se quem ganhou e perdeu.
A África do Sul foi, naturalmente, quem conquistou o maior número de pontos — 6,85 — e a Irlanda teve o pior resultado com 5,02 pontos perdidos. 
Curiosamente Japão, Uruguai, Argentina e Samoa obtiveram, graças às vitórias conseguidas na fase de grupos, pontos suficientes para serem colocados no quarto superior do quadro. O que para equipas do Tiers 2 não é nada mau e pode muito bem ajudar na pretensão de maior junção.

domingo, 3 de novembro de 2019

ÁFRICA DO SUL É CAMPEÃ MUNDIAL

A África do Sul ao derrotar na final, sem apelo nem agravo, a pré-favorita Inglaterra (32-12), tornou-se pela terceira vez — com intervalos de 12 anos — Campeã Mundial. Assim, os dois expoentes máximos de diferentes expressões rugbísticas, a África do Sul e a Nova Zelândia, compartilham o máximo de três títulos — empate que abre, desde já boas perspectivas para o Mundial de 2023 a disputar em França. Com este resultado a África do Sul ocupa, 10 anos depois, o 1.º lugar do ranking da World Rugby.

Pragmática e apesar da menor posse de bola (44%) e menor ocupação do meio-campo adversário (também 44%), a África do Sul entrou determinada a assumir o comando do jogo utilizando a força do seu bloco de avançados — conseguindo ganhar 6 penalidades nas 14 formações-ordenadas — a capacidade defensiva — 158 placagens num 92% de sucesso — com uma enorme rapidez de acesso à linha-de-vantagem e recorrendo ao avanço em cunha para impedir a utilização dos corredores laterais a que se juntou um jogo-ao-pé de conquista territorial — num total de 26, embora longe dos 41 utilizados contra Gales, para uma conquista de 585 metros — que raríssimas vezes permitiu conta-ataques. Conseguindo ainda, apesar de quase 3/4 de bolas disponíveis em relação ao adversário, quase o dobro de metros de transporte de bola traduzindo a diferença de resultado, contra as 3 penalidades inglesas, em 6 penalidades, 2 transformações e 2 ensaios. Ensaios que foram muito bem-vindos enquanto principal objectivo do jogo — nas duas finais dos dois anteriores títulos, os sul-africanos não tinham marcado qualquer ensaio...
Como se pode ver no gráfico acima a superioridade da África do Sul foi brutal — menos bolas jogáveis, menos ultrapassagens da linha-de-vantagem mas mais ensaios numa demonstração de elevada eficácia contra, pode dizer-se, a nulidade inglesa. Ingleses que, aliás, parecem ter deixado a cabeça, acreditando em eventuais facilidades, na enorme vitória da 1/2 final contra All-Blacks. Coisa que Gatland, treinador galês, já tinha previsto na ironia de um “muitas vezes as equipas jogam a final numa meia-final e nem sempre o conseguem repetir na própria final”. O próprio Eddie Jones reconhece não ser capaz de explicar o fracasso. Tão pouco os “gémeos” Tom Curry e Sam Underhill  que estiveram em plano de excelência na meia-final encontrarão explicações para o seu apagamento. 

A Inglaterra conseguiu ultrapassar a linha-da-vantagem em 26% das vezes que teve posse da bola mas apenas conseguiu 2 rupturas nas 32 ultrapassagens da linha-de-vantagem sem nunca conseguir chegar à área de ensaio num enorme 0 de taxa de eficácia global. A África do Sul a partir das 86 bolas utilizadas teve uma taxa de eficácia global de 2,2% com as consequências que isso traduz: dois ensaios contra nenhum.

Apesar do apego ao seu modelo-de-jogo — defesa de alta pressão com avanço exterior, jogo ao pé e utilização do poderio físico nas formações ordenadas ou expontâneas e domínio das alturas (100% de alinhamentos e 22 recuperações de pontapés) — a África do Sul, surpreendendo em relação ao que lhe é habitual, ainda utilizou o jogo de passes (87 contra os 67 que realizou contra Gales) para alargar o perímetro do jogo num diferente contributo para as 11 rupturas da linha de defesa inglesa. Uma estratégia vencedora alicerçada numa total confiança a justificar a superioridade absoluta que permitiu a vitória e os números do resultado.

E tudo foi preparado com a antecedência necessária por Rassies Eramus que, foi, ao longo do torneio e por exemplo, dividindo o tempo de utilização dos seus pilares para garantir, à medida que se aproximavam os jogos  mais difíceis das eliminatórias, a condição pretendida para impôr a sua superioridade nas formações-ordenadas. Previsão e planeamento. E depois, o pé direito de Pollard — 22 pontos — faz o resto.

A vitória final da África do Sul vale muito mais do que um título mundial como se infere, na lucidez impressionante de um final do jogo, das palavras de Siya Kolisi, o primeiro “capitão” negro dos sul-africanos: ”We have so many problems in our country. But to have a team like this, we come from different backgrounds, different races and we came together with one goalSince I have been alive I have never seen South Africa like this. With all the challenges we have, the coach said to us that we are not playing for ourselves any more, we are playing for the people back home, and that is what we wanted to do today. We appreciate all the support – people in the taverns, in the shebeens, farms, homeless people and people in the rural areas. Thank you so much, we appreciate the support. We love you South Africa and we can achieve anything if we work together as one.

Há dias, numa conferência no Comité Olímpico de Portugal, o Professor Adriano Moreira, considerando que o desporto é uma solução para a integração das comunidades, uma vez que possui uma linguagem comum universal e a capacidade de aglutinar interesses, afirmava que: “O Desporto é o grande instrumento para apagar as linhas vermelhas que dividem o mundo.”. A vitória mundial da África do Sul pode, como em 1995, apagar divisões e contribuir para a união das gentes e do país.



sexta-feira, 1 de novembro de 2019

O TERCEIRO É DOS ALLBLACKS, FALTA O TÍTULO

Apesar da “ausência” perante a Inglaterra, os AllBacks levaram oito dias para retornar frente a Gales e vencer por 40-17. E quando assim é, muito pouco há a fazer. O antigo treinador dos AllBlacks, Graham Henry, considera que “ o jogo de rugby é uma corrida pela linha-de-vantagem”. E em ataque e defesa a equipa neozelandesa venceu essa corrida em 198 vezes e traduziu em eficácia atacante 4,9% das bolas disponíveis com a marcação de 6 ensaios contra apenas 1,1% de eficácia galesa para conseguir 2 ensaios. 
Os neozelandeses conseguiram com as bolas disponíveis — veja-se o quadro abaixo — 21 rupturas da linha defensiva galesa contra apenas 7 dos adversários. O que significa que Gales não conseguiu impor a sua defesa que não foi suficientemente rápida a encurtar tempo e espaço e deixou — ao contrário do conseguido anteriormente pelos ingleses — que o apoio neozelandês se organizasse, criando as alternativas necessárias para que a defesa se visse em grande dificuldades e não conseguisse mais do que um mero 77% de sucesso nas placagens.
O domínio AllBlack foi enorme apesar de ter tido menor ocupação territorial e de posse da bola — apenas 39% em ambas. Mas conta muito mais o uso conseguido do que a manutenção... E a verticalidade neozelandesa é brutal quando conseguem o mínimo de espaço para manobrar e conseguir os ângulos de corrida a atacar intervalos. Uma excelente demonstração de eficácia bem como da capacidade técnica da totalidade dos seus jogadores na manutenção da continuidade do movimento até ser conseguida a ruptura que garanta o ensaio.
Uma taxa global de eficácia de mais de 4 vezes para os AllBlacks

A final joga-se entre a Inglaterra e a África do Sul com os ingleses na figura de favoritos.

Prognosticados como vencedores por 3 pontos de diferença e com um pouco mais de 60% de probabilidades previsíveis, os ingleses vão ter que se aproximar do seu melhor para garantir a vitória. Mas com o nível moral muito elevado pela notável prestação frente aos AllBlacks, o XV inglês tem a “obrigação” de vencer — o que não deixa de ser bom para o desenvolvimento do rugby uma vez que o seu modelo é bastante mais atractivo do que o sul-africano e, se vão ficar marcas desta final, que fiquem as da inteligência da manobra e não apenas a mistura da colisão e do pontapé de ocupação.

Os sul-africanos jogam no choque e no jogo-ao-pé de ocupação territorial, procurando encostar o jogo à área adversária na esperança de conseguirem as faltas necessárias para que o pé de Pollard garanta o somatório de pontos que permita a vitória. Mas os ingleses têm tudo, desde que entrem com a atitude certa, para ganharem e serem de novo campeões mundiais — recordando 2003, Johnny Wilkinson tem estado junto da equipa a preparar o recurso ao pontapé-de-ressalto (e lembre-se a notável preparação colectiva — coisa de que os galeses se esqueceram... — para entrar na zona de conforto do então “abertura” inglês e permitir-lhe um pontapé vencedor já no tempo suplementar).
A forma de alternâncias que os ingleses mostraram contra a Nova Zelândia coloca-os num nível de capacidades e eficácia muito elevado e não se vê muito bem como a “rush-defence” sul-africana será capaz de segurar os permanentes ataques centrais à linha-de-vantagem.
O jogo será arbitrado pelo francês Jérôme Garcès, não pelo seu mérito — as suas arbitragens não foram de bom nível — mas a lesão do galês Owens garantiu-lhe a porta que já se via estar a ser preparada. Coisas... Veremos, para que não estrague o jogo, se consegue discernir foras-de-jogo
(exigindo até aos seus “bandeirinhas” que o notem e o informem), entradas laterais e que deixe que a
rotação da formação-ordenada se faça — as Leis-do-jogo autorizam a sua rotação até 90º — sem marcar falta, até porque esta manobra tem uma importante utilização táctica atacante no sentido de “retirar” do  jogo a 3.ª-linha adversária.
É a final do Mundial e o que nós, adeptos da modalidade, pretendemos é poder ver um jogo de alto nível técnico e espectacular que nos fique na memória. Que não seja estragado por ninguém. Bom jogo!

Arquivo do blogue

Quem sou

Seguidores