Apesar da “ausência” perante a Inglaterra, os AllBacks levaram oito dias para retornar frente a Gales e vencer por 40-17. E quando assim é, muito pouco há a fazer. O antigo treinador dos AllBlacks, Graham Henry, considera que “ o jogo de rugby é uma corrida pela linha-de-vantagem”. E em ataque e defesa a equipa neozelandesa venceu essa corrida em 198 vezes e traduziu em eficácia atacante 4,9% das bolas disponíveis com a marcação de 6 ensaios contra apenas 1,1% de eficácia galesa para conseguir 2 ensaios.
Os neozelandeses conseguiram com as bolas disponíveis — veja-se o quadro abaixo — 21 rupturas da linha defensiva galesa contra apenas 7 dos adversários. O que significa que Gales não conseguiu impor a sua defesa que não foi suficientemente rápida a encurtar tempo e espaço e deixou — ao contrário do conseguido anteriormente pelos ingleses — que o apoio neozelandês se organizasse, criando as alternativas necessárias para que a defesa se visse em grande dificuldades e não conseguisse mais do que um mero 77% de sucesso nas placagens.O domínio AllBlack foi enorme apesar de ter tido menor ocupação territorial e de posse da bola — apenas 39% em ambas. Mas conta muito mais o uso conseguido do que a manutenção... E a verticalidade neozelandesa é brutal quando conseguem o mínimo de espaço para manobrar e conseguir os ângulos de corrida a atacar intervalos. Uma excelente demonstração de eficácia bem como da capacidade técnica da totalidade dos seus jogadores na manutenção da continuidade do movimento até ser conseguida a ruptura que garanta o ensaio.
Uma taxa global de eficácia de mais de 4 vezes para os AllBlacks |
A final joga-se entre a Inglaterra e a África do Sul com os ingleses na figura de favoritos.
Prognosticados como vencedores por 3 pontos de diferença e com um pouco mais de 60% de probabilidades previsíveis, os ingleses vão ter que se aproximar do seu melhor para garantir a vitória. Mas com o nível moral muito elevado pela notável prestação frente aos AllBlacks, o XV inglês tem a “obrigação” de vencer — o que não deixa de ser bom para o desenvolvimento do rugby uma vez que o seu modelo é bastante mais atractivo do que o sul-africano e, se vão ficar marcas desta final, que fiquem as da inteligência da manobra e não apenas a mistura da colisão e do pontapé de ocupação.
A forma de alternâncias que os ingleses mostraram contra a Nova Zelândia coloca-os num nível de capacidades e eficácia muito elevado e não se vê muito bem como a “rush-defence” sul-africana será capaz de segurar os permanentes ataques centrais à linha-de-vantagem.
O jogo será arbitrado pelo francês Jérôme Garcès, não pelo seu mérito — as suas arbitragens não foram de bom nível — mas a lesão do galês Owens garantiu-lhe a porta que já se via estar a ser preparada. Coisas... Veremos, para que não estrague o jogo, se consegue discernir foras-de-jogo
(exigindo até aos seus “bandeirinhas” que o notem e o informem), entradas laterais e que deixe que a
rotação da formação-ordenada se faça — as Leis-do-jogo autorizam a sua rotação até 90º — sem marcar falta, até porque esta manobra tem uma importante utilização táctica atacante no sentido de “retirar” do jogo a 3.ª-linha adversária.
É a final do Mundial e o que nós, adeptos da modalidade, pretendemos é poder ver um jogo de alto nível técnico e espectacular que nos fique na memória. Que não seja estragado por ninguém. Bom jogo!