sexta-feira, 15 de março de 2024

A VITÓRIA ESTÁ NO RISCO CONTROLADO


 A última vez que defrontámos a Geórgia — Mundial de 2023 — deixámos fugir a vitória encostados ao final do jogo, acabando empatados 18-18. E foi um jogo ingloriamente perdido por erros inadmissíveis — (ver aqui)

Se os Lobos souberem tirar o melhor partido das capacidades técnicas e tácticas do seus jogadores, Portugal pode perfeitamente vencer esta final do REC 2024. 
É sabido que os georgianos têm uma enorme dificuldade em defender contra um Portugal que não use os métodos clássicos de ataque. No jogo do Mundial, Portugal teve índices mais baixos nos pontos críticos do jogo — 48% de posse, 38% de território, 47 contra 71 conquistas da linha-de-vantagem, 7 contra 6 rupturas e ambas as equipas com 2 ensaios. Com poucas falhas na defesa 83% contra 82%, Portugal conseguiu ver-se como vencedor graças à utilização pouco académica do seu jogo de passes.
E é isso: Portugal pode ganhar  — as previsões dizrem que a Geórgia deverá ganhar por 2 pontos de diferença, o que é o mesmo que dizer que o jogo pode cair para qualquer dos lados.
E cairá para o lado dos Lobos se o nosso jogo, tacticamente, se desenvolver de uma forma pouco clássica e com grande movimento. Começando por deixar de utilizar a colisão nos canais imediatos aos reagrupamentos e procurando atacar os intervalos, levando a bola bem protegida para garantir a possibilidade de passes-em-carga ou, se idos ao chão, que a bola seja reciclada muito rapidamente. Ora este tipo de jogo pode levar a que os georgianos tenham que fazer subir o seu três-de-trás, abrindo o fundo do campo para que Aubry possa usar o seu jogo ao pé.De explorar também a rapidez e comprimento de passe de Camacho para variar o ataque à linha defensiva. Depois é tudo uma questão de manter o espírito da variabilidade, alterando as linhas de corrida entre convergentes e divergentes, fazendo dobras e lembrando que o jogo-entre-linhas se resolve muitas vezes com pontapés rasteiros — que, para serem eficazes, devem ser realizados em cima da linha de defesa e pelos intervalos existentes. Não esquecendo nunca que o jogo de rugby se decide pela regra de Henry Graham: uma corrida pela linha-de-vantagem. Ultrapassá-la é, portanto, vital, garantindo o apoio necessário para manter a continuidade do movimento, criando a pressão para que os defensores tenham que tomar decisões fora do seu campo de conforto. E, claro, juntando a todas estas melhores opções tácticas a disciplina necessária para terminar com o excessivo número de penalidades com que têm sido castigados, perdendo bola e terreno.
E que também não de esqueçam, como aconteceu no Mundial, que os pontapés-de-ressalto permitem obter pontos e, se falhados, permitem também, na grande maioria dos casos, a recuperação da bola com manutençao de posição territorial.
No fundo a exigência deste jogo e para que se atinja a vitória obriga a que se corra os riscos necessários sem perder de conta o custo-benefício que cada movimento transporta. Cabeça atenta, boa leitura de jogo, explorar os pontos fracos do adversário. E pôr em campo a vontade de uma atitude vencedora! Bom jogo!

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