… como defenderá a Irlanda, que sistema utilizará? Como vai responder às corridas laterais do notável Dupond protegidas pela barreira criada pela cortina frontal de 3 companheiros de equipa? Será que vão utilizar a posição de 2º centro — seja ele quem fôr num dado momento — com corrida para o interior para impedir a lateralização do formação francês? O que obrigará a uma manobra defensiva que implicará a dobra do abertura Prendergast. — que aliás não é o melhor defensor do mundo — e a muita atenção de outro grande formação, Gibson-Park. E por isso mesmo também será interessante saber como a França explorará esta fraqueza e qual a resposta da Irlanda — pode, eventualmente, ser como faziam os All-Blacks com a combinação Mehrtens-Kronfeld, utilizando o 7, Van der Flier, para o mesmo papel. Ou seguirão outro sistema para evitar a exploração da zona defensiva do abertura irlandês? E também será interessante perceber se haverá diferenças nas linhas de corrida das coberturas defensivas destes dois excelentes e influenciadores jogadores. A ver com curiosidade.
Por outro lado e para além de se esperar rapidíssima subida da linha de defesa irlandesa — principalmente nos rucks — para evitar as perigosas combinações adaptativas do ataque das linhas atrasadas francesas que são muito perigosas na exploração do jogo expontâneo, será muito interessante assistir ao duelo aéreo entre as duas equipas. Se a França utilizar em demasia o jogo-ao-pé de ocupação — profundo e a explorar espaços vazios continuando um conceito que Galthié introduziu no jogo dos bleus — terá que se organizar na cobertura do terreno para responder aos compridíssimos pontapés de James Lowe e do próprio Prendergast. Provavelmente os franceses utilizarão mais o jogo-ao-pé de pressão, tentando obrigá-lo a subir em defesa, evitar que a excelência Lowe na captura de bolas no ar tenha qualquer vantagem. Por outro lado o descendente de portugueses,Thomas Ramos, é também um campeão das alturas. Veremos como se traduzirá esta pressão que resultará da estratégia xadrezista do jogo nas alturas e quem terá maior vantagem. Com estes actores, espera-se um jogo de alto nível e de muito bom rugby.
Quanto ao Escócia-Gales, espera-se que Gales possa mostrar de novo que se encontra em melhoria como demonstrou contra a Irlanda mas aí, jogando em Cardiff com o apoio de um público que não descansou enquanto não os empurrava para a linha-de-ensaio do adversário. E que apoio deram à sua equipa…
Os escoceses, que conseguem um jogo interessante assentarão, procurando pontos tão depressa quanto possível, o seu jogo no trunfo da pressão, tentando que a cabeça dos galeses seja invadida pelo monstro de mais uma possível derrota. No entanto, dependem muito dos altos e baixos de alguns jogadores que, como mostra muitas vezes Russell, são capazes do melhor e do pior. Jogo também interessante que dependerá muito da estratégia-táctica que formatarão as duas equipas..
No Inglaterra-Itália de domingo, não se espera outra coisa que não seja a vitória inglesa que, finalmente, parece ter percebido que os seus jogadores — como têm demonstrado nos jogos dos seus clubes — são capazes de um jogo de movimento que apenas usa a colisão para os momentos necessários e não como base de todo o seu jogo — o jogo de rugby exige mais da inteligência do que da força bruta. A equipa da Rosa parece estar a percebê-lo e começa a ser muito interessante ver os seus jogos.