Quando tudo indicava Portugal como favorito nesta disputa para o 3º e 4º lugar com a Roménia — lembre-se que há um mês atrás venceu em Botosani por 34-6 — o jogou fechou com uma derrota clara por 21-7 (ao intervalo 18-0). Ou seja com um início de jogo, dadas as circunstâncias, sem qualificação, Portugal mostrou-se incapaz de impôr qualquer tipo de jogo. E as habituais incapacidades voltaram a ser claras: indisciplinados, fizeram 13 penalidades (embora e ao contrário do jogo com a Espanha, sem castigo de cartões) quer por incapacidade técnica, quer mesmo por desconhecimentos das Leis do Jogo; incapacidade de, na ida ao chão pós-colisão, de “apresentar” a bola com uma óbvia confusão táctica entre “conquista da Linha-de-Vantagem” e “continuidade do movimento”; o jogo-ao-pé continua a não ter a eficácia devida por má análise táctica não sendo clara o porquê da de cisão sobre jogo-ao-pé-de-pressão ou o jogo-ao-pé-de-conquista; as “linhas atrasadas” a jogarem muito longe da Linha-de-Vantagem, não fixando a defesa adversária e permitindo assim que esta “deslize” sem problemas — acrescentando ainda o facto de utilizarem linhas de corrida enviezadas e em direcção à linha lateral, proporcionando a sua utilização como defensor…(daqui o facto da ultrapassagem das LV ter acontecido apenas por 46 vezes contra as 71 romenas).
Aliás o nosso jogo das linhas-atrasadas peca por erros suficientes que lhe colocam problemas de exploração da posse sempre que a defesa contrária consegue realizar pressão — pouca fixação, poucas combinações surprendentes, apoio nem sempre adequado — poucas entradas interiores — não possibilitando o apoio necessário para garantir a continuidade-do-movimento com a consequência de utilizar a largura apenas para encontrar, no mínimo igualdade numérica no último corredor lateral. Por outro lado a má disponibilização da bola pela já referida má técnica nas idas ao chão, retira velocidade à libertação da bola — e lá se vai o objectivo do limite de 3 segundos…
A pouca manobra e a muita colisão que define o avanço português resulta, por um lado, da falta de competitividade do nosso campeonato que propõe, naturalmente, o avanço pelo caminho mais fácil e com menos riscos e, por outro lado, porque a característica da PROD2 em que estão inseridos a maior parte dos nossos jogadores que jogam em França, é também a da colisão.
Ora para que o nosso retorno ao modelo do jogo-de-movimento seja uma realidade é essencial que o nosso campeonato se transforme, tornando-o mais competitivo pelo maior equlíbrio entre as capacidades das equipas que o disputam. Veja-se o recente texto de José Manuel Delgado em ABola, sobre a má competitividade do campeonato interno de futebol com os resultados visíveis nas enormes dificuldades dos clubes portugueses nas provas europeias, com as consequências nas classificações e apuramentos internacionais.
…e com esta derrota descemos para o 18º lugar do ranking da World Rugby. E não vai ser este fase final de 6 clubes — que será competitiva pelo óbvio equilibrio entre as equipas — que nos proporcionará os hábitos necessários para nos aproximar do nível internacional — porque a competição internacional que nos importa, já acabou… e a seguir haverá férias…
O resultado da nossa competição interna está visível nas derrotas recentes sofridas contra a Espanha e a Roménia. E não vale argumentar — porque não resolve os problemas que a competitividade séria internacional nos coloca — com as vitórias sobre a Bélgica e Alemanha (os alemães perderam com a Holanda, 38-9 e agora e em casa, com a fraquíssima Suiça por 20-17) que, embora nos apurassem para o Mundial, não contam…nem sequer para conquistar pontos no ranking mundial. O Mundo da competição do Alto Rendimento Desportivo exige uma envolvente capaz, equilibrada e competitiva. Para que os objectivos sejam mais do que vontades.
A Geórga, como se esperava, venceu novamente o Rugby Europe Championship 2025, derrotando em Tibilisi a Espanha por 46-28.